Vereadora Marlise Zomer se emociona ao falar sobre ataques na Câmara: “Está difícil, estou cansada”

Na manhã desta quarta-feira (23), a vereadora Marlise Zomer (PSDB) esteve nos estúdios do Jornal da Guarujá e fez um forte desabafo sobre o clima de tensão que vem se intensificando na Câmara de Vereadores de Orleans. Emocionada, ela falou sobre os ataques que tem recebido, as acusações de zombaria e o episódio mais recente com o presidente da Casa, Joel Cavanholi (PL).
A entrevista ocorreu no dia seguinte à fala de Cavanholi ao Jornal da Guarujá, em que ele afirmou que Marlise zombava de suas falas durante as sessões legislativas. Questionada sobre o episódio, a vereadora negou as acusações e disse que jamais teve essa intenção.
“Se eu faço zombaria, que me perdoem, mas eu acredito que não. Eu tenho um jeito de ser, sou brincalhona, eu rio. De repente pode levar para outro lado, mas isso não é da minha índole. Eu não tenho necessidade de zombar de ninguém”, disse.
Marlise explicou que na sessão de segunda-feira apenas relatou a visita que fez, junto com os vereadores Mirele De Biasi (PSDB), Maiara Dal Ponte (MDB) e Dovagner Baschirotto (MDB), ex-prefeito Jorge Koch (MDB) e o deputado estadual Volnei Weber, também do (MDB), à Secretaria de Assistência Social do Estado, em Florianópolis. Segundo ela, a comitiva buscou viabilizar a inclusão de Orleans no projeto que prevê a construção de um centro de apoio para idosos.
“A secretária do governo disse que Orleans não estava contemplado com o projeto. Mas saímos esperançosos. Ela disse que colocaria Orleans na lista. Eu só falei isso. Aí o pessoal se magoa. Não sei se é ciúme, porque não tem que ter. É uma coisa boa para a cidade. O que eu disse da sessão é que não pode pegar carona e dizer que foi você que fez, sendo que não foi”, declarou.
Visivelmente abalada, a vereadora afirmou que se sentiu desrespeitada.
“Eu me senti bastante desrespeitada. E acredito que é porque sou mulher, porque é mais fácil o ataque, né? Eu nunca fui grosseira com ninguém. Eu dou minhas diretas, minhas indiretas, mas procuro não ofender ninguém. Isso é da minha índole. Tenho 63 anos. O dia que eu me perder na política, eu digo tchau”, afirmou.
Ela ainda revelou que, diante de tudo o que vem enfrentando, chegou a considerar se afastar do cargo. “Pensei, sim, mas, já estou bem melhor psicologicamente. Mas eu estava muito mal. O que está acontecendo na Câmara… não tem harmonia nenhuma. É uma baderna. A gente não pode falar nada. O Vá (vereador Osvaldo Cruzetta, PP) pode entrar a qualquer momento, ele fala, e nada acontece. Mas quando a gente fala qualquer coisa, é só ataque. A gente que está bagunçando”, lamentou.
Marlise, que está em seu segundo mandato e foi a vereadora mais votada na última eleição, disse que a opinião pública tem cobrado mais responsabilidade dos parlamentares.
Apesar das dificuldades, afirmou que está disposta ao diálogo: “Mas o problema é que tudo que a gente coloca, eles já dizem que vão fazer, ou que já fizeram. Não pode ser assim. Tudo o que a gente fala, tem resposta, tem ataque. A gente está fazendo papel de palhaço mesmo.”
Segundo a vereadora, ela chegou a ser chamada de “palhaça” durante a última sessão. “Chamaram, sim. E eu disse: ‘sou uma palhaça mesmo’. Porque eu gosto de rir, eu converso. E é só comigo”, relatou, emocionada.
Em um dos momentos mais intensos da entrevista, a vereadora chorou ao relatar o cansaço e a sensação de ameaça: “Estou cansada. Estou me sentindo ameaçada. Está bem difícil de verdade. E não é vitimismo. Não estou chorando pra depois dizerem na segunda-feira que é vitimismo. Mas vou dizer pro povo: é bem difícil ser vereadora.”
Sobre a nota de apoio emitida por seu partido, disse que se sentiu acolhida e também agradeceu ao MDB. “A gente está bem unido. Deveria ser sempre assim.”
Por fim, ela relatou que na tarde de terça-feira, o presidente da Casa, Joel Cavanholi teria dito algo que pra ela foi uma ameaça. “Ele disse assim pra mim: ‘O que é teu está guardado’. E o que a gente entende disso?”, questionou visivelmente abalada.
Indagada se pretende fazer alguma representação, disse que está pensando. Sobre uma possível reaproximação com Cavanholi, respondeu:
“Eu não tenho nada contra ele. Muita gente fala dele, mas eu só conheci agora, nessa legislatura. Só que tudo o que eu falo, tudo o que eu faço, parece que vira algo contra mim.”
Confira entrevista completa