É Professora de Comunicação. Formada em LETRAS – Português/Inglês e respectivas Literaturas, Pós-graduada em Metodologia do Ensino pela Universidade Federal de SC - UFSC, cursou a primeira parte do Doutorado em Educação pela Universidade de Jáen na Espanha, porém não concluiu. Atua na área da Educação há mais de quarenta anos. Em sua trajetória profissional, além de ministrar aulas, exerceu a função de Diretora de Escola Pública, Coordenadora Pedagógica da Escola Barriga Verde, Pró-Reitora de Ensino de Graduação do UNIBAVE/ Orleans. Dedica parte de seu tempo livre com trabalhos de Assistência Social e Educacional, foi membro do Lions Clube Internacional por longos anos, hoje faz parte da AMHO – Amigos do Hospital, além de outros trabalhos voluntários na comunidade e seu entorno. Revisora de trabalhos acadêmicos: Graduação, Especialização, Mestrado e Doutorado.
A Língua Portuguesa e o mercado de trabalho. Por Ana Dalsasso
Por Ana Maria Dalsasso10/06/2025 15h01
Foto/IA
Falar sobre língua portuguesa é prazeroso e um compromisso meu para com as gerações futuras, porque passei grande parte de minha vida ensinando e, o que se ensina deve ser preservado. O uso correto da língua, falada ou escrita, revela nossos pensamentos, nosso nível cultural, nossa capacidade de adaptação, nossa forma de ser e ver o mundo. Ter o domínio da língua é fundamental não apenas para a comunicação eficaz, mas também para o nosso desenvolvimento pessoal e profissional, uma vez que o mercado de trabalho está cada vez mais exigente.
Com a globalização, as empresas estão cada vez mais exigindo profissionais que não apenas conheçam a sua área técnica, mas que também saibam se comunicar de maneira clara e concisa. A comunicação eficaz é um diferencial competitivo, que pode abrir portas para oportunidades de carreira. A habilidade de se comunicar eficazmente é um dos principais fatores que distingue os profissionais competentes, pois conseguem transmitir suas ideias de forma clara e coesa. Por meio de uma comunicação escrita e verbal precisa, são capazes de elaborar relatórios, realizar apresentações e interagir com colegas e clientes de forma assertiva.
Além disso, o domínio da língua portuguesa está diretamente relacionado à credibilidade de um profissional, pois seu uso correto da língua reverbera na percepção que outros têm sobre a capacidade e o profissionalismo do indivíduo. Profissionais que se expressam bem são frequentemente vistos como mais competentes e confiáveis. Em contrapartida, aqueles que não dominam a língua podem ser considerados descuidados ou desinteressados, o que impacta negativamente suas relações profissionais e suas chances de promoção.
Outro ponto importante a ser considerado é a acessibilidade a oportunidades de carreira. Profissionais que dominam o idioma têm maior facilidade em acessar informações, aprimorar suas habilidades e interagir em redes de contato. A habilidade de redigir um currículo bem elaborado e de se destacar em entrevistas pode abrir portas que permanecem fechadas para aqueles que não se comunicam adequadamente. Assim, a fluência na língua não é apenas uma questão de estética, mas sim uma ferramenta valiosa para o crescimento e a evolução na carreira.
É fundamental observar que o domínio da língua portuguesa vai além do conhecimento gramatical. Envolve a compreensão de nuances, contextos e a capacidade de adaptar a comunicação ao público-alvo. O profissional que se dedica a entender e aprimorar sua relação com a língua tende a se destacar, tornar-se mais versátil e efetivo em sua atuação.
Assim sendo, investir no aprimoramento da língua é investir no próprio futuro profissional e na construção de uma carreira de sucesso. É imprescindível que as instituições de ensino e a sociedade em geral incentivem e promovam o aprendizado da língua portuguesa, garantindo que todos tenham as ferramentas necessárias para se desenvolverem e se expressarem plenamente.
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Inversão de valores. Por Ana Dalsasso
Por Ana Maria Dalsasso27/05/2025 15h00
Foto/Freepik
A sociedade contemporânea tem sido marcada por uma série de mudanças significativas em suas estruturas e valores. A inversão de valores, fenômeno que se refere à alteração na hierarquia dos princípios éticos e morais que norteiam o comportamento humano, é um tema que merece atenção e reflexão. Esta transformação é observada em diversos aspectos da vida cotidiana, incluindo relações familiares, profissionais e sociais, impactando diretamente a convivência humana.
Um dos principais fatores que contribuem para a inversão de valores é a ascensão das tecnologias digitais e das redes sociais. A comunicação instantânea possibilita que informações circulem rapidamente, mas também trazem à tona comportamentos que antes eram reprimidos. A valorização da imagem e da popularidade nas redes sociais, por exemplo, frequentemente se sobrepõe a valores como a empatia e o respeito. Nesse contexto, a busca por curtidas e seguidores pode levar indivíduos a tomar atitudes moralmente questionáveis, como a exposição excessiva de sua vida pessoal ou a disseminação de falsas notícias, em detrimento da veracidade e da ética.
Outro aspecto relevante é a desvalorização das instituições sociais que, historicamente, promoviam a coesão social, como a família e a educação. A crescente fragmentação das relações familiares, somada à crise de credibilidade em instituições educacionais e políticas, tem gerado um vácuo de referências morais. Em muitos casos, os jovens buscam modelos em figuras públicas com condutas duvidosas, em vez de se basearem em valores éticos construídos por gerações anteriores. Isso é uma preocupação, pois não só compromete a formação de cidadãos conscientes, como também perpetua um ciclo de desintegração social.
Há um movimento organizado ocupando todos os espaços, inclusive nas escolas, para a desestabilização da família: a chamada ideologia de gênero. Em nome da promoção da “igualdade entre os seres humanos”, nossos filhos estão sendo expostos aos mais ridículos exemplos de libertinagem. Não sou preconceituosa, mas não concordo com a forma degradante pela qual se expõe o homossexualismo numa tentativa de impor a todo custo uma ideologia. Devemos respeito sim, mas não somos obrigados a aceitar. É preciso que se preserve a família, pois sem uma família estruturada teremos uma sociedade doente.
É fundamental promover um novo olhar sobre os valores que regem nossas vidas. A educação, tanto em casa quanto nas escolas, desempenha um papel crucial nesse processo. É necessário incentivar o desenvolvimento da empatia, do respeito e da ética, preparando as novas gerações para lidar com as complexidades do mundo contemporâneo. A inversão de valores pode ser um sinal de que é hora de repensar nossas prioridades e buscar um equilíbrio entre o progresso tecnológico e a preservação dos princípios que sustentam a convivência humana.
A inversão de valores também se manifesta nas relações afetivas. Antigos conceitos de compromisso, respeito e fidelidade têm sido questionados e reinterpretados à luz de novas dinâmicas, como os relacionamentos livres. Embora essas novas formas de se relacionar possam ser vistas como uma evolução, elas também podem levar a confusões emocionais e à desvalorização de laços mais profundos e significativos.
São tantas as formas de inversão de valores hoje vividos que ficaríamos muitas horas aqui expondo, porém nosso espaço é limitado. Mas, o que fazer? É importante destacar que essa situação não é irreversível. A conscientização e a educação são ferramentas fundamentais para resgatar valores éticos que promovam um convívio social mais harmonioso.
Concluindo, a inversão de valores que permeia o mundo atual é um reflexo de mudanças profundas nas dinâmicas sociais e culturais. Apesar dos desafios, é possível e necessário buscar um meio–termo que valorize não apenas o individual, mas também o coletivo, reafirmando a importância dos princípios éticos que sustentam uma sociedade justa e equilibrada.
*As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor.
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Os danos da linguagem neutra para a língua padrão. Por Ana Dalsasso
Por Ana Maria Dalsasso13/05/2025 15h00
Foto/Freepik
Dentre tantos absurdos que temos visto no país nos últimos tempos, talvez a mudança mais insana que está sendo proposta seja a tal “linguagem neutra”, já comentada aqui neste espaço, mas que se fazem necessárias discussões constantes em virtude das últimas informações que nos chegam sobre a interferência da “suprema corte” nos municípios que optaram por dizer não à linguagem neutra. A educação não é competência do STF; à corte compete a manutenção da ordem e promoção da harmonia na nação.
De acordo com Constituição Federal em seu Art.13 “a língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil”. É fruto de dezenas de anos de prática, organizada por regras e é a representação da cultura do povo. Mudanças são frutos de muito estudo por especialistas na área e não por juízes.
Nos últimos anos, o debate sobre a linguagem neutra tem ganhado espaço na sociedade brasileira, impulsionado por movimentos em prol da inclusão e da representação de gênero na língua portuguesa. A proposta é que a utilização de expressões que não se submetam aos gêneros masculino e feminino ajude a criar um ambiente mais inclusivo. Contudo, a adoção da linguagem neutra levanta questões sobre os prejuízos que essa prática pode trazer para a norma culta da língua portuguesa e para a comunicação formal e institucional.
Um dos principais prejuízos da linguagem neutra é a sua vulnerabilidade à ambiguidade. A introdução de terminações como “-e” ou o uso de símbolos, como o “@” ou o “*”, em vez das terminações tradicionais de gênero, pode tornar as construções de frases confusas e difíceis de entender. Por exemplo, em vez de utilizar “alunos” ou “alunas”, a proposta sugeriria “alunes”, o que pode gerar incertezas sobre a referência à pluralidade. Em um contexto educacional, essa confusão pode comprometer a clareza das mensagens e dificultar a compreensão por parte dos alunos.
Outro aspecto a ser considerado é o impacto da linguagem neutra na norma padrão da língua, que é amplamente utilizada em contextos formais, como na literatura, na imprensa e nos documentos oficiais. A língua padrão cumpre funções importantes de padronização e entendimento comum entre os falantes. A introdução de uma linguagem neutra pode desestabilizar essa norma, criando falhas que prejudicam a comunicação eficaz. Assim, é essencial que a norma culta permaneça como um referencial de clareza e coesão na língua.
Além disso, a linguagem neutra pode gerar resistência e polarização social. Embora a intenção seja promover a inclusão, a imposição de novas regras linguísticas pode levar a um desacordo nas esferas sociais e acadêmicas. A linguagem é uma construção social que reflete as interações de seus usuários; portanto, qualquer tentativa de implementar uma nova norma requer um consenso que, até o momento, não parece existir. Isso pode resultar em divisões entre aqueles que defendem a linguagem neutra e os que a veem como uma ameaça à tradição linguística.
Por último, a adoção da linguagem neutra pode desviar o foco das questões pertinentes sobre igualdade e justiça social. Ao invés de centrarem-se em ações concretas e mudanças nas estruturas sociais que perpetuam a exclusão, o debate pode tornar-se excessivamente centrado na forma da linguagem, o que pode acabar esvaziando a discussão sobre os direitos e a representação efetiva de diferentes grupos na sociedade.
Embora a proposta de uma linguagem neutra busque promover a inclusão e representar de forma mais justa as diversas identidades, os prejuízos para a língua padrão e para a comunicação eficaz são notáveis. A ambiguidade, a desestabilização da norma culta, a polarização social e a distração das questões essenciais sobre igualdade revelam os desafios dessa implementação. Portanto, é crucial que o debate sobre a linguagem neutra seja conduzido de forma a considerar não apenas as intenções inclusivas, mas também os impactos práticos que essa prática pode ter sobre a língua e a comunicação na sociedade. A busca por uma linguagem mais inclusiva deve caminhar lado a lado com o respeito pela clareza e pela norma linguística.
Enfim, aderir à ideia da linguagem neutra é desconstruir a bela e culta Língua Portuguesa. Se eu pudesse perguntaria aos ministros: é legal em nome da inclusão dos indefinidos, roubar o direito dos definidos que são maioria?
*As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor.
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Medicina no foco das avaliações. Por Ana Dalsasso
Por Ana Maria Dalsasso29/04/2025 14h00
Foto/Banco de imagens – Freepik
Semana anterior conversamos sobre a avaliação das escolas de Ensino Superior, num geral, realizada pelo Ministério da Educação e Cultura. Hoje lançaremos um olhar sobre o curso de Medicina, tendo por base os dados divulgados e o debate levantado, considerando o baixo nível de qualidade da maioria dos cursos em todo país.
O Brasil é o segundo maior país do mundo em número de faculdades de Medicina. São 389 escolas para uma população de 211 milhões, perdendo apenas para a Índia com cerca de 600 cursos, porém com uma população de 1.438 bilhão, ou seja, sete vezes maior que o Brasil. Vale registrar também que nosso país está na frente dos Estados Unidos com 125 escolas para uma população de 334 milhões, e da China com 150 escolas, com 1.411 bilhão de habitantes.
Em 1990 nosso país possuía 78 faculdades de Medicina, hoje 389. Houve um salto quantitativo, porém não qualitativo, uma vez que muitos cursos se concentram em municípios que não atendem os critérios mínimos para a boa formação de futuros médicos.
Deixo bem claro que nunca fui contra a interiorização do ensino superior, mas esse movimento tem que acontecer com qualidade, estrutura adequada, professores habilitados e compromissados com uma formação de qualidade. Mas, o que temos visto é o aumento desordenado de faculdades, sem atender os requisitos legais. Não apenas Medicina, mas tantos outros cursos que só funcionam no “cuspe e giz”. Faltam laboratórios, faltam práticas. Teoria sem prática, é vazia. Abrir por abrir é falta de ética e comprometimento. É preciso dar condições para a formação e depois valorizar o profissional no exercício de suas funções.
Voltando à avaliação da Medicina é muito preocupante a situação. Dos 309 cursos avaliados apenas seis,1,9%, obtiveram a nota máxima, 38,5% nota quatro, e 50,5% três. Daí entender o motivo de disparar o número de erros médicos. Segundo o Conselho Nacional de Justiça CNJ) entre 2023 e 2024 os processos aumentaram em 506% por atendimento inadequado. Dados da OMS um em cada dez pacientes sofre danos no atendimento. São milhares de mortes por ano por erros médicos, tais como: medicamentos, cirurgias e diagnósticos, além de infecções hospitalares. Eu tive a infelicidade de ser vítima de um erro médico que por pouco não me tirou a vida. É preciso que as instituições repensem e tenham consciência que Medicina não é comércio, não é para ganhar dinheiro, é para salvar vidas.
Ratificando o exposto, neste ano dos 175.000 acadêmicos de Medicina, 45.000 concluirão o curso; destes apenas 16% terão vaga para especialização (residência), onde ganham segurança e informação para o exercício da tão nobre profissão. Os demais vão para hospitais, postos de saúde com uma base de conhecimento rasa, fragmentada, sem preparo real para o exercício da função. Despreparados, perdidos, inseguros…
Em suma, a má qualidade de ensino nos cursos de Medicina no Brasil é um problema grave que requer atenção imediata. É essencial que haja uma reestruturação das instituições de ensino, investindo em infraestrutura, atualização docente e um currículo que contemple uma formação mais prática e humanizada. Somente assim, poderemos formar médicos competentes e preparados para atender às necessidades da população, contribuindo para a melhoria do sistema de saúde no país. As consequências de um mau médico são vastas e profundas, afetando não apenas a vida dos pacientes diretamente envolvidos, mas também o sistema de saúde e a confiança da sociedade na medicina.
*As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor.