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Quarenta anos de saudade: Filha revive memória de um dos 31 mineiros da tragédia em Urussanga

Por Ligado no Sul10/09/2024 14h48
Foto/Arquivo

Nesta terça-feira, 10 de setembro, a maior tragédia da mineração em Urussanga completa 40 anos. Em 1984, 31 mineiros perderam a vida em uma explosão no Painel 6 da Mina Santana. O acidente, que ocorreu por volta das 5h20, marcou profundamente a história da cidade e as vidas de inúmeras famílias. Mesmo após quatro décadas, as causas do acidente ainda são pouco esclarecidas, mas a explosão foi atribuída ao acúmulo de gás metano, altamente inflamável, presente nas camadas de carvão. Na época, a mineração ainda era feita de forma manual, com o uso de explosivos, e sequer havia proibição de fumar dentro das galerias.

Perícias da época indicaram que a falta de ventilação na mina, agravada por uma sequência de apagões durante o feriado, comprometeu o funcionamento dos exaustores, contribuindo para o acúmulo de gases e, possivelmente, para a explosão. Apesar de tantos anos, as marcas desse episódio permanecem na memória da cidade.

Entre as histórias das vítimas, está a de Antônio Acedir da Silva, um dos 31 mineiros que perderam a vida. Sua filha, Katylce da Silva Carioni, tinha apenas um ano e três meses na época e não possui memórias diretas do pai. “Tudo que sei sobre ele foram histórias contadas por minha mãe, tios, tias e minha avó paterna”, conta. Uma dessas histórias envolve o amor de Antônio pelo futebol e pelo time do Santos. “Sei que ele adorava jogar futebol. Entre as poucas fotos que tenho dele, algumas são ao lado de amigos do time da cidade.” Ela também revelou um detalhe que torna a perda ainda mais dolorosa: “Fazia apenas uma semana que meu pai havia trocado de turno”.

Katylce também compartilhou uma lembrança marcante, passada por familiares, de momentos simples, mas cheios de significado. “Me contam que ele sempre ia a um barzinho perto de casa jogar sinuca com os amigos, e sempre que podia, me levava junto. Eu ficava em cima da mesa de sinuca brincando depois que eles terminavam de jogar”, relembra. Essas histórias são algumas das formas pelas quais ela mantém a memória de seu pai viva.

Na casa onde vive com a mãe, as memórias de Antônio estão presentes nos quadros no corredor. “Em um dos quadros, minha mãe está comigo no colo e ele ao lado. No outro, é o dia do casamento deles. Ele estava só com um sapato, porque quebrou o pé jogando futebol”, conta Katylce, rindo ao lembrar do detalhe que a mãe lhe contou.

A perda do pai foi uma dor que Katylce carrega de forma indireta, mas muito presente. Ela destaca o impacto maior na vida de sua mãe, que, após perder o marido com apenas três anos de casada, dedicou a vida à criação da filha. “Minha mãe fez de tudo para me dar a melhor educação e me fazer feliz. Às vezes não entendemos os desígnios de Deus, mas acredito que para tudo há um propósito.”

Neste final de semana, uma missa foi realizada na Capela Sagrado Coração de Jesus, na comunidade de Santana, com a participação de familiares e amigos das vítimas, relembrando os mineiros que perderam suas vidas há exatos 40 anos. Em 2020, foi criado um monumento em homenagem aos 31 trabalhadores, perpetuando a memória daqueles que deixaram saudade e suas histórias entrelaçadas na história de Urussanga.

 

 

 

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