Defesa de Clésio Salvaro comenta adiamento do julgamento e fala sobre falta de provas
O desembargador Antônio Zoldan pediu vista novamente nessa última quinta-feira, dia 12, adiando a decisão sobre os pedidos de revogação das prisões preventivas do prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro (PSD), do ex-secretário de Assistência Social e Habitação de Criciúma, Bruno Ferreira (PSD), e de outros 15 investigados, presos durante as fases da Operação Caronte. A operação, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (GAECO) e pelo Grupo Especial Anticorrupção (GEAC), apura um suposto esquema de corrupção envolvendo autoridades municipais e empresários.
Com o novo pedido de vista, os acusados seguirão presos, no mínimo, até a próxima terça-feira, dia 17, quando o Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) realizará uma nova audiência para tratar da pauta. O julgamento abordará os pedidos de revogação das prisões preventivas. Em entrevista ao Jornal da Guarujá, o advogado Giovanni Dagostin Marchi, que representa a defesa de Clésio Salvaro, explicou a situação e defendeu o prefeito: “Em relação ao prefeito Salvaro, a defesa ainda está no prazo para ser apresentada, deve estar sendo apresentada ainda essa semana, se não amanhã, mas acho que quarta-feira, mais tardar. Na visão da defesa, entendemos que não há qualquer participação ativa, direta ou indireta do prefeito naquele suposto esquema feito pela narrativa do Ministério Público. Pretendemos demonstrar isso e vamos demonstrar isso”.
O advogado detalhou o andamento das fases da Operação Caronte, enfatizando a ausência de provas concretas contra o prefeito. “A primeira fase ocorreu em novembro de 2023, onde alguns aparelhos de algumas das pessoas que hoje são denunciadas foram apreendidos. Foram feitas buscas e apreensões em suas residências e locais de trabalho, e, depois de dez meses, coincidindo com o período eleitoral, foi deflagrada uma segunda operação. Inicialmente, em relação ao prefeito Clésio Salvaro, culminou somente com busca e apreensão na prefeitura e na residência dele, onde foram apreendidos o seu aparelho celular e computadores. E vale lembrar que esses aparelhos foram periciados e não foi encontrado absolutamente nada que comprometesse o prefeito”.
Marchi também explicou que, inicialmente, o Ministério Público não solicitou a prisão de Salvaro, mas a situação mudou após a segunda fase da operação. “O Ministério Público, quando fez o pedido de prisão dos sete primeiros, entendeu que não havia necessidade da prisão do prefeito e muito menos daqueles novos que foram presos. E, depois de quinze dias, foi oferecida a denúncia, depois dessa segunda fase. E após oferecer a denúncia, ele requeriu a prisão”, destacou o advogado.
O foco do julgamento será a manutenção ou não das prisões preventivas. Giovanni Marchi reforçou que “o que será julgado é a manutenção ou não do decreto prisional. Já foram levadas as razões pela qual essa manutenção da prisão não deve se estender por mais tempo, porque, além de não haver envolvimento direto ou indireto do prefeito Salvaro nesse suposto esquema, não há razão, qualquer motivo novo, se já não havia motivo para pedir a prisão na segunda fase, que foi aquela que ocorreu em 5 de agosto”.
O advogado também expressou confiança na reversão da decisão: “Acreditamos que o voto será no sentido de pôr em liberdade não somente o prefeito Clésio Salvaro, mas também todas as outras 16 pessoas, porque entendemos que não há razões para a manutenção da prisão dessas pessoas”.
Perguntado sobre o estado emocional de Clésio Salvaro, Marchi comentou: “Conversei pessoalmente com ele na última quinta-feira e ele estava bem, estava confiante, acreditando que o trabalho que tem sido feito pela defesa. O prefeito está muito confiante, ansioso, muito ansioso, mas teve colegas que foram lá nesse final de semana, visitaram ele e também acharam que ele está muito bem psicologicamente, por enquanto”.
Marchi ainda revelou um ponto que chamou atenção na última sessão da 5ª Câmara Criminal: “Foi uma sessão bastante tensa desde o início. O presidente anunciou que a desembargadora relatora do processo estaria suspeita para julgar um determinado processo, nada a ver conosco, mas é um fato que chamou a atenção durante a sessão. Não sei ao certo o que ocorreu, mas foi algo que causou especulação”.
O advogado concluiu a entrevista reforçando a possibilidade de mudança no julgamento: “Nesse processo a desembargadora já se manifestou pela manutenção. No caso do Clésio, especificamente, teve um outro desembargador também que acompanhou ela, mas isso não significa que esses dois votos em relação ao Clésio Salvaro, não possam ser mudados. Então, diante de uma apresentação de um possível voto de divergência, os desembargadores podem refletir e acompanhar a divergência. O fato de haver já dois votos não significa que o caso estaria perdido na situação. Muito pelo contrário, é muito comum que ocorra, muitas vezes, em decorrência de um voto de vista, a mudança por parte de outros membros da Câmara”.
Confira entrevista completa