Construindo relacionamentos saudáveis. Por Carina Mengue
O homem é um ser social, segundo Aristóteles, pois é de sua natureza viver em sociedade e, ao buscar a felicidade, ele só a encontra na convivência humana. Isso quer dizer que nós precisamos estar com outras pessoas, para conversar, dar risada, ir ao cinema etc. Logo, todos nós precisamos de amigos, todos nós precisamos de relacionamentos saudáveis, todos nós precisamos de pessoas leais. E nos dias atuais uma queixa frequente é a dificuldade em se ter amigos de verdade. Às vezes entramos em amizades tóxicas e outras vezes nós somos a pessoa tóxica da relação. Quando menciono a palavra “relacionamentos” englobo todas as áreas que criamos vínculos: familiar, amizade/social, trabalho, igreja, etc.
Vamos começar pelas relações que não são saudáveis. São relações pautadas em troca de favores, cobranças, expectativas, fofocas, falsas promessas, busca de aprovações, busca de suprir carências, chantagens… quando a frequência dessas situações é alta, não se tratam de relações saudáveis. Quando colocamos em cima de outra pessoa um peso e uma responsabilidade que não é dela, como: “me faça feliz”, “preencha minhas carências”, “preencha os meus vazios”, “preencha o que o meu pai e minha mãe não conseguiram, o que o marido/esposa não conseguiram”, entrar em uma relação com esse olhar “me preencha” já está baseado em uma relação que não será saudável. Outra base é pedir perfeição das pessoas, sendo que nós mesmos não conseguimos dar perfeição. Nos relacionamentos interpessoais onde buscamos perfeição, vamos nos frustrar, vamos nos decepcionar. De fato, temos dificuldade em lidar com nossos relacionamentos e com as falhas das outras pessoas.
Agora vamos a parte prática. Não temos controle sobre as pessoas, só podemos controlar o que fizemos e como lidamos com as situações. Logo, vamos desenvolver a parte que cabe a nós das relações, então, como vamos construir relacionamentos saudáveis?
O primeiro requisito é ser de verdade. Seja sincero com as pessoas, por exemplo: quando não puder participar de algum evento/jantar a qual foi convidado, não crie expectativa, seja sincero e verbalize que já tem compromisso. Não prejudique sua vida, não abrace mais coisas do que consegue, por medo de dizer não as pessoas. Seja de verdade e elas vão entender. Se alguém te magoou, se ficou chateado com algum comportamento/postura de alguém, convide essa pessoa para uma conversa, seja de verdade, diga como se sentiu com a atitude do outro. É muito triste quando você erra com as pessoas, porque nós vamos errar, e essa pessoa nos expor para outros, sem nos falar a verdade. Concorda?
A verdade também nos leva a um segundo requisito que é estabelecer uma relação de confiança. Muitas pessoas têm problemas de relacionamentos porque falam assuntos muitos pontuais, muito confidentes para pessoas que “conheceram ontem”. A carência faz isso. A pessoa começa a falar de coisas que não deveria para pessoas que não conhece. Então, preserve mais a sua vida. Às vezes você se fere porque comentou sobre seus problemas para pessoas que não tem o desejo de guardar tua vida e nem o teu coração, elas não te conhecem o suficiente. Quando alguém chega para você e já abre a vida dela, sem te conhecer, é uma pessoa muito carente, porque ela está sujeita a você não ser uma pessoa de confiança e expor a vida dela. Cuide no que você vai falar. Às vezes você fala para uma pessoa e se fere. Às vezes você sabe que a falha da pessoa é ser uma pessoa que fala demais. Cuidado para quem você abre seu coração, comece a olhar o terreno que você vai pisar. A confiança é esse lugar. Antes de você se abrir, veja se existe uma construção de confiança.
Um terceiro requisito é cuidar da exposição excessiva. Não exponha o que falam para você e não exponha sua vida para as pessoas. Isso ajuda muito na questão do relacionamento. As pessoas vão olhar para você como uma pessoa de confiança. Ela cuida com o que fala, ela não expõe as pessoas. Se você é uma mãe, esposa, cuide da exposição desnecessária dos seus. Às vezes você tem problema de relacionamento porque as pessoas não podem confiar em você, porque você fala demais. É importante essa autorreflexão sobre nossa postura diante das pessoas. Normalmente nos queixamos das pessoas, mas não avaliamos nossas falhas e no que também deixamos a desejar nas relações que cultivamos. Antes de julgar o outro, que possamos nos corrigir e agir da forma que queremos ser tratados.
Agora é a sua vez. Faça uma análise de como você é como amigo(a), como você é como colega de trabalho, como você é dentro da sua família.
Que você possa trazer esses requisitos como pilares e ancora dos seus relacionamentos e da sua vida.
Até a próxima!
Meu melhor abraço,
Carina Mengue.