COMO ANDA A FORMAÇÃO DE NOVOS PROFESSORES? Por Ana Dalsasso

Hoje vamos falar um pouco de educação, a grande preocupação nacional pela baixa qualidade que a cada ano se intensifica, e a prova disso são os resultados divulgados há poucos dias pelo Ministério da Educação e Cultura sobre a avaliação de centenas de cursos de graduação, cujos resultados foram classificados como insatisfatórios, um verdadeiro caos.
Vários cursos foram submetidos à avaliação, porém vamos nos ater às Licenciaturas, onde são formados os profissionais responsáveis pela formação de nossas crianças e jovens, futuros guardiões da Pátria. E para surpresa de muitos, foram os que obtiveram os piores resultados, merecendo grande preocupação e uma especial atenção por parte das autoridades educacionais.
Participaram do processo os seguintes cursos de formação de professores: Artes Visuais, Ciências Biológicas, Ciências Sociais, Ciência da Computação, Educação Física, Filosofia, Geografia, História, Matemática, Música, Letras (Inglês, Português, Espanhol) , Química e Pedagogia. Em TODOS eles, os estudantes, que num futuro breve serão os professores de nossas crianças, tiveram desempenho abaixo de 50, numa escala de 0 a 100 pontos. O que esperar do professor de seu filho que não consegue atingir nem um regular na prova que fez? Como provará às crianças que o conhecimento é fundamental para o progresso profissional e pessoal, se ele próprio não o tem? Na sala de aula no ensino fundamental e básico com nota abaixo de 5 é reprovado. Mas, com que autoridade um professor que foi avaliado pelo MEC com nota 3,0, mas se forma na faculdade, pode reprovar uma criança? Daí a pergunta que não quer calar: que providências o MEC tomará frente às instituições descomprometidas com o ensino? Qual a finalidade do exame? É para corrigir as distorções? Ou deixar o barco correr de qualquer jeito? Quero acreditar que a partir dos resultados busque-se alternativas para a mudança.
É preciso que se reconheça que o profissional da educação deveria ser o melhor dentre todos, pois do mais humilde cidadão a mais alta autoridade, todos passam pelas mãos de um professor. No entanto, esse reconhecimento deve passar primeiro pelo próprio acadêmico fazendo valer seus direitos e deveres. E isso só acontece quando valoriza cada minuto de aula, exige professores competentes, instituições comprometidas, cobra o conhecimento capaz de abrir-lhe as portas do sucesso.
E pensar que quando se discute a qualidade da educação muitos professores querem justificar a falta de qualidade por causa dos baixos salários. Isso é mediocridade…. Passei os melhores anos de minha vida dentro de escolas…. Foram mais de quarenta anos no exercício do magistério e não admito que o baixo salário seja a justificativa para o mal exercício da função. Ganhar mal não é desculpa para trabalhar mal. Se não somos felizes com o que ganhamos, procuremos outro trabalho. O exercício da docência é lindo demais e deve ser permeado de muita dedicação, amor, responsabilidade e até de renúncias…
É preciso que se busque alternativas para mudar a educação no país. Não podemos mais esperar…. É preciso que cobremos dos nossos representantes atitudes, de nossas instituições de ensino mais qualidade, dos professores consciência, de nossos acadêmicos mais discernimento, das famílias mais parceria para numa operação conjunta a mudança aconteça. UTOPIA? Quem sabe…, Mas, o pior é não tentar!