A primeira safra de feijão em Santa Catarina para o ano de 2024 apresenta grandes desafios, conforme dados divulgados pela empresa de pesquisa agropecuária e extensão rural do estado. A estimativa aponta uma produção de aproximadamente 55 mil toneladas do grão, representando uma queda de 10% em comparação ao ano anterior.

De acordo com a análise do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola da EPAGRI, João Rogério Alves, as condições climáticas adversas contribuíram para a redução da produção. “No início dessa primeira safra de feijão, a gente teve condições climáticas bastante diversas. Tivemos no mês de outubro e novembro uma precipitação bastante acentuada. Muitos produtores acabaram desistindo de plantar, receosos com relação às condições climáticas e acabaram aguardando pra plantar soja nessas áreas, onde inicialmente eles teriam intenção de plantar feijão. Tem produtor que já colheu, tem produtor que ainda a cultura está em maturação, mas eu acredito que a gente já deve estar com praticamente uns 80% ou mais já colhido.”

A área plantada também registrou uma diminuição de cerca de 1.600 hectares, contribuindo para uma redução projetada de 5,3% na produtividade. Esta tendência, segundo Alves, é resultado direto das variações climáticas observadas nos meses iniciais da safra.

Apesar dos desafios enfrentados, o mercado do feijão experimenta um momento de valorização. O preço médio pago aos produtores catarinenses pela saca de 60 quilos de feijão preto aumentou de 234 reais em novembro para 292 reais em dezembro. Já para o feijão carioca, o valor subiu de 181 para 228 reais.

O analista da EPAGRI  destaca os motivos por trás desse aumento. “A gente percebe entre novembro e dezembro do ano passado que teve um aumento em torno de 26% para o feijão carioca e em torno de 25% para o feijão preto. É um aumento bastante concreto, considerando um período de 30 dias, e o principal fator é a questão de escassez. Os problemas climáticos fizeram com que, principalmente, o feijão preto e o carioca tivessem um ajuste, uma redução na produção. A gente está verificando uma redução na ordem de 5% na produção nacional, e isso impacta aqui também na questão dos preços.”

As principais áreas produtoras de feijão em Santa Catarina estão concentradas nos campos de Lages, na região serrana, nos municípios de Canoinhas, no Planalto Norte, Joaçaba, no meio oeste, e Xanxerê, no oeste do estado, que juntos somam cerca de 75% do total catarinense.