Carta ao Noel. Por Lúcia Búrigo
Querido Papai Noel, eu sei, faz muito tempo que não falamos. A cada ano me sinto mais próxima da sua idade e ainda assim, embora adulta, senti de escrever umas mal traçadas linhas, como era a forma de começar as cartinhas enviadas pela geração da minha avó. Saiba que você, com seu inconfundível dress code vermelho Coca-Cola, reconhecido como um super insight da marca, fruto do delírio de criativos talentosos, viveu no meu imaginário, por muitos anos, como um velhinho generoso, que sempre vem e que não esquece de ninguém, independente de quem a pessoa seja, trazendo coisas que, às vezes, precisam muito mais espaço do que o sapatinho da janela do quintal.
Achei que seria interessante exercitar com você, lenda vivíssima do marketing, umas reflexões natalinas porque às vésperas de mais um final de ano, andei pensando que está na hora de dar uma chacoalhada no nosso mindset tão viciado em valores que andam meio defasados e muito centrado em muito papo e pouca ação. Só para variar um cadinho, talvez seja essa uma boa hora para mais do que virar uma folhinha possamos também mexer nos nossos pensamentos e percepções. Que tal usar o seu poder icônico de transformar a noite de Natal num evento mágico para instigar a tribo do marketing, nos tempos que se seguirão, a ter o compromisso de cada vez mais ajudar a provocar as organizações para que sejam, de verdade, mais humanizadas?
Sabemos que são as pessoas que fazem a diferença. Portanto, que elas estejam no centro da tomada de decisão, tanto as internas, quanto externas e, aí sim, isso reverbere na comunicação. Os profissionais de marketing podem, junto com outros profissionais, se tornar influencers para a criação de novos modelos negócios onde o foco seja considerar que apesar da natureza abundante do planeta, temos muito recursos não renováveis, entendendo que a tecnologia é o canal para geração de oportunidades, onde a cooperação e compartilhamento de ideias seja o ponto forte para o surgimento de soluções encantadoras e confortáveis acessíveis a todos.
De quebra, seria muito bom lembrar que nas soluções mencionadas é indispensável ampliar os compromissos ambientais, sociais e de governança, exponencializados por atitudes sobre as quais possamos comentar em alto e bom som, em qualquer lugar onde estejamos, porque nos orgulhamos de cada feito. Se não for pedir muito, gostaria que o senhor ajudasse a gente lembrar do que diz o Cortella: “não se morre de fome, nem de frio, mas de abandono”. Que esse seja um mantra a nos estimular a cocriar realidades, hackeando a indiferença e nos tornando, de fato, uma comunidade de valor, onde ninguém é esquecido, como fala a sua musiquinha de Natal.
Lúcia Búrigo – Sócia da Bossa Experiências Criativas – Profissional de Marketing e Comunicação