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Lesões traumáticas da genitália masculina. Por Dr Rafael De Conti

Por Rafael De Conti08/02/2024 14h33

O trauma em geral é a sexta causa de mortalidade no mundo, afetando principalmente homens jovens. Lesões do órgãos urológicos isoladas, dentro dos acidentes com traumas, são raros, visto que os rins e bexiga estão protegidos dentro do abdome, enquanto a região genital é protegida pela sua mobilidade na hora de um acidente. Já nas mulheres há maior probabilidade de lesões em órgãos periféricos.

Dois terços dos traumas urológicos são com a genitália externa, devido a esportes de contato e  acidentes automobilísticos ou com motocicletas. São bem comuns também no mundo da urologia os traumas penetrantes por armas de fogo. Além disto, acidentes durante a atividade sexual , mordeduras humanas e de animais, queimaduras e outros tipos de lesões também ocorrem.

O TRAUMA TESTICULAR, em sua maioria, ocorre por acidentes com motocicleta. Dentre os mais corriqueiros temos as contusões, os hematomas, deslocamento, torção, hidrocele (acúmulo de líquido ao redor do testículo) e a ruptura testicular. No exame físico o paciente pode apresentar dor testicular, náuseas e vômitos, inchaço e hematoma na bolsa escrotal. Na ruptura testicular acredita-se que uma força de aproximadamente 50kg seja necessária para levar à fratura do testículo. Se há dúvidas, o ultrassom pode avaliar se ainda há fluxo sanguíneo e se os contornos dos testículos estão definidos. A ressonância magnética também pode ajudar nestes casos. A exploração cirúrgica precoce com reparo ao dano testicular ajuda a diminuir a necessidade de remoção total do testículo, o que, por consequência, ajuda a preservar a fertilidade e função hormonal dos homens afetados (o testículo produz a testosterona, hormônio masculino). Em cerca de 90% dos casos conseguimos salvar o testículo.

HEMATOCELE, que é o acúmulo de sangue entre as camadas da túnica vaginal (membrana que protege o testículo) pode ser tratado de maneira conservadora, com gelo e uso de analgésicos, ou por reparo cirúrgico, principalmente quando são acúmulos grandes de sangue, sendo que nestes casos geralmente o testículo está rompido.

O HEMATOMA INTRATESTICULAR, quando grande, deve ser tratado com cirurgia.

O DESLOCAMENTO TESTICULAR, problema em que o testículo se desloca para a região inguinal e não é mais palpável na bolsa, é mais comum em acidentes com múltiplas vítimas, sendo necessário cirurgia de reparo.

NOS TRAUMAS PENETRANTES, geralmente causados por armas de fogo ou facas, é obrigatório a investigação de todos os órgãos vizinhos e na maioria dos casos os ferimentos devem ser explorados cirurgicamente.

Dentro do capítulo de TRAUMA PENIANO,  a FRATURA PENIANA é relativamente comum, ocorrendo geralmente em intercurso sexual vigoroso, quando o pênis escorrega e bate no períneo da parceira, produzindo uma lesão em curvatura. O diagnóstico de fratura peniana geralmente é feito pela história e exame físico, sendo que os pacientes geralmente descrevem um som em rachadura ou estalo, seguido de dor, rápida perda da ereção e alteração da cor, com inchaço local volumoso. É típico uma deformidade peniano em “forma de berinjela”.

 No trauma ou RUPTURA DA URETRA temos caracteristicamente a saída de sangue pela uretra ou urina com sangue, o que chamamos de hematúria, sendo que alguns pacientes também referem dificuldade miccional.

As suspeitas de fratura peniana devem ser imediatamente exploradas, e reparadas cirurgicamente. No caso de atraso nesses reparos por demora em procurar atendimento médico, podem ocorrer curvaturas penianas importantes na ereção como sequelas.

Nas MORDEURAS HUMAS OU POR AMINAIS,  a morbidade está diretamente relacionada à severidade do ferimento inicial,. A maioria das vítimas são crianças e a mordedura por cachorro á a lesão mais comum. Nestes casos, o urologista lava abundantemente o ferimento, desbrida os tecidos mortos e faz fechamento com sutura primária, junto com uso de antibióticos, sendo necessário também imunização antirrábica e antitetânica. Já na mordeduras humanas não é aconselhável o médico fazer sutura primária por serem lesões altamente contaminadas pelos dentes humanos e, geralmente, os pacientes procuram atendimento médico depois de adiamento substancial.

A AMPUTAÇÃO PENIANA,  embora rara, geralmente é causada por automutilação genital. Nestes casos, a reconstrução da uretra e corpos cavernosos e a microcirurgia dos nervos e dos vasos sanguíneos alcançam bons resultados. A parte decepada do pênis deve ser lavada com soro fisiológico, envolvida em gaze embebida com soro e fechada em bolsa plástica esterilizada e ela deve ser colocada dentro de outra bolsa com gelo , podendo ocorrer reimplante com sucesso depois de  16 horas de isquemia fria.

 Nas LESÕES COM ZÍPER ocorre mais frequentemente em meninos e homens embriagados. A soltura é feita com anestesia e manobras para soltar o zíper da pele, às vezes sendo necessário circuncisão ou excisão elíptica da pele.

A PERDA DA PELE DA GENITÁLIA ocorre principalmente por Síndrome de Fournier,  uma infecção rara e grave que atinge a região genital e acomete especialmente os homens. É uma doença causada por bactérias que penetram na pele e se espalham rapidamente, provocando necrose (morte) dos tecidos. Pode ocorrer também por sucção e tração, por equipamentos mecânicos, queimaduras e traumas, principalmente decorrente de explosões.  O tratamento é baseado na causa. Na perda da pele escrotal de até 50% o fechamento primário pode ser tentado. Nos casos mais extensos podem ser necessários retalhos ou enxertos de pele.

 

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