Eliminar o né, é possível? Por Giovana Pedroso
Fala comunicador! Vamos combinar uma coisa, né? Você já conversou com uma pessoa que… né? Repetia muitos nés durante a fala? Acredito que, em determinado momento da conversa, você já não conseguia mais prestar atenção no conteúdo, mas nos nés, né?
Ou você é essa pessoa? Uma coisa é fato, você com certeza ficou incomodado com a quantidade de nés que eu usei no início deste texto e imaginou alguém pronunciando-os. É exatamente isso que os vícios de linguagem fazem: eles são poluidores da sua fala. Vamos fazer uma faxina nas suas mensagens e acabar com o né? Algumas práticas que descrevo aqui também valem para outros vícios de linguagem campeões como então, tipo, daí e tá ok.
Acabar com o né envolve em primeiro lugar uma reflexão: nem sempre ele vai ser um problema. Eu não quero que você seja o chato que fica se corrigindo ou o que é ainda pior, corrigindo os outros o tempo inteiro. É comum quando alguém está falando comigo, dizer que não sabe nem como falar, pois acredita que eu fico corrigindo mentalmente quem está na minha frente. Mas não. Exceto se for um caso grave e eu sei que você provavelmente também faz isso.
Caso grave mesmo é quando o né começa a chamar mais atenção do que o restante. O né e boa parte dos vícios de linguagem mais conhecidos são muletas da fala, poluidores da fala, forem retirados, não farão falta. Presentes em excesso, deixam a mensagem menos objetiva.
Falando da sua comunicação: ligar o sinal de alerta sozinho é muito difícil. Perceber que se tem um né, ou qualquer outro vício de linguagem é o maior desafio e, se você já fez isso, eu tenho uma palavra para dizer: parabéns!
Quando eu trabalhava no rádio, há alguns bons anos, falava todas as manhãs durante 3 ou 4 horas em um programa jornalístico. Mas no rádio há um grande detalhe: um segundo sem som, equivale a um minuto para quem ouve, por isso para preencher os espaços vazios da fala, vez ou outra eu incorporava alguns vícios. Um deles era a palavra perfeito. No final de uma entrevista, no final da afirmação de um entrevistado, eu sempre terminava com um sonoro perfeito. Eu não tinha ideia que falava aquilo. Até que um dia, meu pai mandou uma mensagem: “Giovana, você já falou 8 vezes a palavra perfeito em poucos minutos, só para avisar, tá?”. Foi só aí que identifiquei o vício.
Eu identifiquei porque tinha um ouvido amigo. A primeira ferramenta que eu divido sobre o né ou outros vícios de linguagem é esta: tenha um ouvido amigo. E se você não confia em ninguém para essa tarefa, o WhatsApp vai ser o melhor ouvido amigo. Abra o aplicativo e ouça os últimos áudios que você mandou. Ali vai estar a prova.
Outras ferramentas importantes: você usa o Né, por quê? Para fazer com o que o ouvinte concorde com a sua ideia ou para parecer mais simpático. Se for o seu caso, no lugar de perguntar, afirme e se for para perguntar, faça uma pergunta de verdade. Vou dar exemplos: “acredito que é melhor ficar com essa segunda opção aqui, né?” Esta frase pergunta pode ser ficar assim: “acredito que é melhor ficar com essa segunda opção. Qual a sua opinião?” Ou ainda: “ah, aquele era bem melhor né?” Pode ser: “ah, aquele era bem melhor. Você também gostou?”
Não deixou de ser simpático, não deixou de gerar conexão e eu tenho certeza de que a sua mensagem ficou ainda mais clara e forte.
Outro caminho e esse vale para todos os vícios de linguagem: o silêncio. Você não precisa preencher os vazios da fala com ããhn, éé, né ou perfeito! Faça pausas estratégicas.
Por fim, sempre que você conseguir usar o silêncio a seu favor ou fazer uma afirmação no lugar de uma pergunta, vibre com isso! Você está no caminho certo para conquistar uma comunicação cada vez mais clara e objetiva.