Fetrancesc critica ANTT e Arteris e alerta para prejuízos e riscos na BR-101 em SC
Dirigente diz que omissão nas obras prejudica economia e segurança e cobra ação política
O presidente da Federação das Empresas de Transporte de Carga e Logística de Santa Catarina (Fetrancesc), Dagnor Roberto Schneider, fez duras críticas à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e à concessionária Arteris pela falta de execução de obras consideradas essenciais na BR-101, especialmente no Trecho Norte e no Morro dos Cavalos. Em entrevista ao Jornal da Guarujá nesta segunda-feira (10), ele afirmou que a situação atual é resultado de “omissão” prolongada.
Segundo Schneider, os problemas da rodovia não são novidade e foram identificados há mais de uma década. “O grupo GTT, que agora chama Tripartite, lá em 2014, já havia indicado quais seriam as obras necessárias para que a gente pudesse manter fluidez, segurança e previsibilidade no trecho Norte”, declarou. Ele acrescentou que as recomendações foram encaminhadas ao Ministério Público em fevereiro de 2015, mas “infelizmente, decorridos 10 anos, nada foi feito”.
O dirigente chamou o atual cenário de “extremamente triste e lamentável” e destacou que o impacto não é apenas logístico, mas também humano. “As mortes e o cenário crítico que nós vivenciamos em termos de mobilidade decorre desse cenário”, afirmou.
Schneider citou estudo que aponta perdas bilionárias ao setor de transporte. “A gente tem um prejuízo anual de 1 bilhão de reais […] apenas em dois itens: perda de produtividade e aumento do consumo de óleo diesel.” Ele também mencionou impactos ambientais: “Nós temos mais de 20 mil toneladas de CO₂ emitido por conta dessa realidade.”
A BR-101, segundo o presidente, abriga trechos com índices alarmantes de acidentes. “Dos 10 trechos de 10 quilômetros de rodovias federais do Brasil mais perigosos, três estão citados no trecho norte da BR-101. Isso é relatório da PRF.”
Críticas ao pacto federativo e falta de investimentos
O presidente também denunciou disparidade na distribuição de recursos federais. “Santa Catarina, em 2024, remetemos mais de 140 bilhões para Brasília. […] Rio Grande do Sul e Paraná receberam algo em torno de 27% de retorno. Santa Catarina recebeu em torno de 12. Então, não dá. Nós não podemos aceitar essa realidade.”
Para ele, o estado precisaria “no mínimo, um bi por ano” para manter e ampliar obras rodoviárias federais.
Morro dos Cavalos: projeto parado há décadas
Sobre o Morro dos Cavalos, Schneider lembrou que a solução já existe e depende de decisão política. Segundo ele, o melhor caminho é transferir o trecho para o contrato da concessionária do Trecho Sul. “A Motiva sinaliza a disposição de receber essa obra e o trecho, e de outro lado a concessionária do Trecho Norte também se disponibiliza a ceder.”
O projeto dos túneis, afirmou, está pronto e com licença ambiental ativa: “O grande desafio nos projetos é o licenciamento ambiental, e isso já estaria superado.”
Mesmo assim, a decisão não avança. “Se tem um entravezinho e vai ficando, não dá, tem que reagir”, cobrou. “A sociedade precisa assumir seu papel e cobrar dos nossos representantes.”
Confira entrevista completa