A Polícia Rodoviária Federal (PRF) identificou 1.333 pontos de risco para a exploração sexual de crianças e adolescentes às margens das rodovias federais que cortam Santa Catarina. Os dados fazem parte da 10ª edição do Projeto Mapear, um levantamento nacional realizado a cada dois anos com o objetivo de apontar locais onde há maior probabilidade da ocorrência desses crimes.

O chefe de comunicação da PRF no estado, Adriano Fiamoncini, explica que o trabalho busca prevenir e direcionar ações de enfrentamento ao problema. “É um projeto de grande sucesso na PRF no país todo. A gente mapeia pontos possíveis de acontecer a exploração sexual de crianças e adolescentes, mas não são pontos em que acontece a exploração, são pontos passíveis de que isso aconteça”, pontua.

A análise leva em conta uma série de critérios, como características socioeconômicas da região, existência de pontos de parada de caminhoneiros e dados de inteligência policial. As informações são obtidas por meio de entrevistas com profissionais do transporte, comerciantes, moradores locais e recursos de georreferenciamento.

Segundo Fiamoncini, o relatório tem como função chamar a atenção das autoridades e da sociedade. “A gente publica esse relatório a cada dois anos para que as autoridades saibam desse problema que ele existe e que alguma coisa tem que ser feita em relação, principalmente, às crianças e adolescentes que são exploradas nesses pontos às margens de rodovias”, afirma. “São dados abertos, dados públicos, são enviados ao Ministério Público e para todos os órgãos que possam ter alguma participação na solução do problema.”

No ranking nacional, Santa Catarina ocupa a terceira colocação em número de pontos identificados como vulneráveis, ficando atrás apenas de Minas Gerais e Piauí. Entre as rodovias federais do estado, a BR-101 concentra a maioria dos locais mapeados, com 418 pontos críticos. Em seguida aparecem a BR-282, com 327, a BR-280, com 200, e a BR-470, com 113.

A atuação da PRF em conjunto com o Ministério Público tem resultado em fiscalizações frequentes, que infelizmente ainda revelam casos reais de exploração. “A PRF, pelo menos todos os anos, várias vezes por ano, faz esse trabalho junto com o Ministério Público, visita estabelecimentos, boates, às margens de rodovias federais e flagra, quase sempre, menor de idade, em condição de vulnerabilidade, sendo explorada nessa situação”, relata Fiamoncini.

Segundo ele, nesses casos, a vítima é encaminhada ao Conselho Tutelar, e os envolvidos são levados à delegacia da Polícia Civil. “Infelizmente, é uma realidade que ainda acontece às margens de rodovias federais”, reforça.

Nos últimos dois anos, a Polícia Rodoviária Federal resgatou 70 vítimas de exploração sexual nas rodovias federais catarinenses e fiscalizou cerca de 1.700 locais considerados vulneráveis.

*Com informações Acaert