Delegado-geral da Polícia Civil destaca queda na criminalidade e diz que SC vive melhor fase da segurança

Na manhã desta segunda-feira (12), o Jornal da Guarujá recebeu o delegado-geral da Polícia Civil de Santa Catarina, Ulisses Gabriel. Durante a entrevista, o delegado fez um balanço das ações da segurança pública no estado, destacou investimentos realizados pelo governo estadual e comentou sobre temas como a situação dos moradores de rua e o déficit de efetivo policial.
Ulisses Gabriel iniciou a conversa destacando o apoio recebido pelo governador Jorginho Mello para a implementação de uma política de segurança mais rígida e próxima da população. Segundo ele, logo após assumir o governo, Jorginho solicitou um planejamento estratégico e autorizou ações para “entregar ao catarinense uma segurança pública de qualidade”.
“O governador pediu que fizéssemos um planejamento estratégico e pensássemos em ser linha dura contra a criminalidade, qualificando o atendimento ao cidadão catarinense. Ele sempre disse: ‘Não é para dar mole. A escolha é do criminoso’. Com esse aval, intensificamos o combate ao crime com a ideia de que sem segurança não há presente, e sem educação não há futuro”, afirmou o delegado.
Entre os principais avanços, o delegado-geral destacou o aumento do orçamento da Polícia Civil que saltou de R$ 74 milhões em 2022 para R$ 107 milhões em 2025 e o lançamento de concursos públicos para recompor o efetivo, que estava defasado desde 2014. Ele enfatizou que, até então, o último concurso havia sido realizado em 2017, ainda sem nomeações para diversas regiões.
“O governador autorizou concurso para delegados, que estavam há anos sem ser realizados. O curso de formação desses novos profissionais termina em julho, e, até agosto, eles assumem suas lotações. Orleans, por exemplo, finalmente voltará a ter um delegado fixo. Urussanga também será contemplada com dois delegados, já que atende também Cocal do Sul e Morro da Fumaça”, explicou.
Além disso, o delegado anunciou que, após a recente viagem do governador aos Estados Unidos, será autorizado um novo concurso para agentes e escrivães de polícia, cargos cujo último concurso ocorreu em 2017. Segundo ele, a falta de efetivo é um dos maiores desafios enfrentados pela segurança pública estadual.
Redução dos índices criminais e operação “Pega Ladrão”
Ulisses Gabriel apresentou dados que apontam para uma redução consistente nos índices de criminalidade desde o início do atual governo. “Tivemos uma queda média de 14% ao ano no número de roubos. Em 2024, foram registrados cerca de 6.500 roubos em Santa Catarina”.
A operação “Pega Ladrão”, voltada para combate a crimes de furto e roubo, também foi destacada. Segundo o delegado, há um esforço contínuo para dar respostas rápidas à sociedade e prender criminosos, inclusive de alta periculosidade.
“São Paulo, o segundo estado mais seguro do país, ainda tem cinco vezes mais roubos que Santa Catarina. Aqui, nós prendemos sequestradores, estelionatários, homicidas. Só não conseguimos reduzir o índice de mortes em confronto com a polícia, porque há mais enfrentamentos devido ao aumento da ousadia de criminosos e à intensificação das operações”, disse.
Judiciário firme e combate à impunidade
Questionado sobre o papel da justiça na efetividade das ações, Ulisses elogiou o Poder Judiciário de Santa Catarina, que, segundo ele, tem sido decisivo na redução do sentimento de impunidade:
“O sentimento de impunidade é o pior de todos. Quando um criminoso percebe que pode praticar crimes sem punição, ele se sente autorizado a continuar. Em Santa Catarina, o Judiciário é conservador, firme, duro. Temos conseguido cumprir mais mandados, aumentar a produtividade e ver condenações não apenas para criminosos violentos, mas também para políticos corruptos”, destacou.
Situação dos moradores de rua em Orleans
A entrevista também abordou o aumento de moradores de rua em cidades como Orleans. Embora tenha reconhecido que é um tema de competência municipal, o delegado-geral afirmou que a situação exige atuação conjunta com o Estado, especialmente diante da presença de usuários de drogas.
“Grande parte dessas pessoas tem problemas com álcool e drogas. Pegam dinheiro na rua, furtam, trocam por droga e vivem nesse ciclo. A solução é internação compulsória ou o retorno à cidade de origem. Não dá para uma cidade como Orleans absorver essa demanda sozinha. O governador Jorginho tem discutido com os prefeitos, maiores soluções integradas”, disse.
O que ainda precisa ser feito
Apesar dos avanços, Ulisses Gabriel apontou duas prioridades ainda não totalmente solucionadas: o aumento de efetivo e a valorização do início de carreira do policial civil. Segundo ele, muitos profissionais entram na corporação, mas acabam migrando para outras instituições por melhores salários.
“O governador vai enviar um projeto para reestruturar a carreira, reduzindo de oito para seis níveis. Isso tornará o salário inicial mais atrativo. Já avançamos muito com estruturas, armamentos, viaturas, computadores. Agora precisamos resolver a base da carreira”, concluiu.
Ao final da entrevista, ao ser questionado sobre as eleições de 2026, o delegado-geral Ulisses Gabriel reconheceu o cenário político favorável ao atual governador.
“Vejo o governador Jorginho como franco favorito nesse processo eleitoral. As pesquisas que temos visto apontam nesse sentido, com possibilidade até de vitória no primeiro turno”, afirmou. Segundo ele, os avanços em infraestrutura, segurança e educação têm sido decisivos para consolidar o apoio popular ao chefe do Executivo catarinense.
Ulisses Gabriel também elogiou o trabalho de infraestrutura feito pelo governo e destacou que, mesmo com quase 200 mil quilômetros rodados em visitas às comarcas do estado, nunca viu tantas obras em andamento.
Confira entrevista completa