Setembro Amarelo: conscientização e apoio podem salvar vidas

Setembro é o mês de conscientização sobre a prevenção ao suicídio, marcado pelo Setembro Amarelo. A Rádio Guarujá lança a terceira edição da campanha “Três Cores, Uma Causa”, que, durante este mês, dedica-se à saúde mental e à prevenção do suicídio. A iniciativa faz parte de uma ação contínua: em outubro, o foco será o Outubro Rosa, sobre prevenção do câncer de mama e do colo do útero, e em novembro, o Novembro Azul, voltado à saúde do homem e prevenção do câncer de próstata.
Em entrevista ao Jornal da Guarujá, nesta terça-feira (2), Almir Fernandes de Souza, presidente da Cruz Vermelha de Criciúma e integrante da equipe multi-institucional, destacou os avanços e desafios na luta contra o suicídio.
Segundo ele, falar sobre o tema ainda encontra resistências, mas a quebra desse tabu já trouxe resultados concretos. “Quando a gente combate esse preconceito e abre espaço para o diálogo, já estamos salvando vidas. A partir de 2015, com a chegada do Setembro Amarelo ao Brasil, houve uma maior abertura para discutir saúde mental e prevenção”, afirmou.
Almir relembrou que, no início da década de 2010, Criciúma registrava números alarmantes: cerca de 50 mortes por suicídio por ano, acompanhadas de quase 800 tentativas. “O dado mais grave era que, em quase 90% dos casos de óbito, havia histórico de tentativas anteriores. Isso mostrava a urgência de fortalecer a rede de apoio”, explicou.
Naquele período, movimentos como o Criciúma Viva, a atuação do CVV (Centro de Valorização da Vida), dos CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) e a mobilização da imprensa ajudaram a reduzir significativamente as ocorrências. “Em 2014, chegamos a registrar 41 dias seguidos sem nenhum óbito, algo inédito até então. Também houve aumento na procura por apoio no CVV e nos serviços de saúde mental”, destacou.
Apesar dos avanços, os números seguem preocupantes. Em 2024, a região da AMREC registrou 59 casos de suicídio. Já em 2025, até o fim de agosto, foram contabilizados 31. “Para cada morte, existem pelo menos dez tentativas. Isso mostra que precisamos continuar engajados. O Setembro Amarelo não deve se limitar a um mês, mas ser um debate permanente”, reforçou Almir.
Ele ressaltou ainda a importância do trabalho integrado de diferentes instituições, como hospitais, CAPS, Corpo de Bombeiros e profissionais da psicologia. Um dos exemplos citados foi a capacitação de bombeiros militares em atendimento humanizado a vítimas em tentativa de suicídio, ação que já se expandiu para todo o estado.
“Identificar sinais de alerta, buscar ajuda e oferecer apoio imediato podem ser passos decisivos para salvar vidas”, concluiu.
Confira entrevista completa