Deputada federal diz que aumento de moradores pressiona serviços públicos em Santa Catarina e defende mais autonomia aos estados.

Durante entrevista ao Jornal da Guarujá na manhã desta segunda-feira (7), a deputada federal Julia Zanatta (PL) comentou os dados do Censo 2022 que apontam Santa Catarina como o estado com maior crescimento populacional do país. A parlamentar reconheceu os bons indicadores que atraem pessoas de outras regiões, mas também expressou preocupação com o impacto desse aumento sobre os serviços públicos e a estrutura do estado.

“É uma alegria saber que o nosso estado é procurado pelos seus bons números. Temos uma boa qualidade de vida, segurança, os serviços públicos funcionam, então as pessoas acabam procurando Santa Catarina por isso”, afirmou. No entanto, ela ponderou: “Só que isso traz consequências. Vaga em creche não dá em árvore, vaga no SUS também não. Então, os nossos serviços acabam pressionados.”

Zanatta lembrou que Santa Catarina contribui significativamente para a arrecadação federal, mas recebe pouco em retorno. “A cada R$ 100 que a gente manda para Brasília, volta R$ 10. Eu costumo dizer que somos roubados por Brasília”, disse, ao destacar a necessidade de revisar o pacto federativo.

A deputada comentou ainda uma declaração sua durante uma live que gerou repercussão nacional. “Eu falei o óbvio: não pode sair de um estado governado pela esquerda, que está ruim, vir buscar emprego aqui, onde as coisas funcionam, e querer votar na esquerda de novo”, disse. “Se vier pra contribuir, pra trabalhar, pra manter e preservar nossas raízes e tradições, será bem-vindo. Agora, se for pra fazer arruaça e querer mudar o nosso jeito de viver, melhor ir pra outro estado.”

Para ela, o aumento populacional também deve ser ainda maior que o estimado. “A gente não estava esperando 500 mil pessoas a mais em Santa Catarina. Isso foi o censo até 2022. Depois ainda teve a enchente no Rio Grande do Sul, que fez muitos gaúchos migrarem pra cá. Isso nem está contabilizado nesse censo.”

Sobre o pacto federativo, Zanatta defendeu uma reorganização que dê mais autonomia aos estados. “A Constituição diz que somos uma federação, mas na prática tudo é centralizado em Brasília. Eu defendo mais autonomia financeira e legislativa para os estados e municípios”, afirmou. “O Brasil é um país continental, o que precisamos aqui em Santa Catarina não necessariamente é o que se precisa no Pará ou no Amazonas. São realidades completamente diferentes.”

Ela também criticou a falta de concorrência entre os estados. “Nos Estados Unidos, cada estado tem sua legislação e isso gera uma concorrência saudável. Aqui, querem igualar tudo pelo lado ruim, nivelando por baixo”, avaliou. “Santa Catarina dá certo não por causa de governo nenhum, mas apesar dos governos.”

Polêmica sobre fala na missa em Nova Veneza

A deputada federal também rebateu declarações feitas por um padre no Santuário do Caravaggio, em Nova Veneza, que a criticou durante a homilia. O religioso teria mencionado a votação da parlamentar contra projetos que tratam da igualdade salarial entre homens e mulheres e da jornada de trabalho 6×1.

“Esse padre usou o altar para fazer proselitismo político. Ele defendeu o fim da jornada 6×1, que afeta diretamente os mais pobres. O que eu defendo é a realidade: se o empresário tiver que contratar mais, vai repassar o custo pro consumidor. Vai gerar desemprego. Então é demagogia”, rebateu., rebateu Julia.

Sobre a lei da igualdade salarial, a deputada reafirmou seu voto contrário. “Já temos isso garantido na CLT e na Constituição. Essa nova lei só traz mais burocracia e dificuldade na contratação de mulheres. Por isso votei contra e votaria de novo.”

“Ele defendeu que eu, uma mulher eleita por mérito, deveria ganhar menos que outros deputados. Uma fala absurda”, completou.

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