Papo Empreendedor discute coragem, propósito e os desafios reais de quem constrói negócios no Brasil
O último Papo Empreendedor reuniu duas histórias diferentes, mas conectadas por uma mesma base: propósito, coragem e a disposição de transformar ideias em movimento. A edição, que teve como tema “Do sonho à ação: os caminhos de quem empreende com propósito e coragem”, recebeu Katherine Koch, advogada e fundadora do brechó premium Desapeguei280, e Juliana França, diretora do Grupo Perfisud.
Katherine relembrou que o Desapeguei nasceu “de um jeito muito interessante”, durante a pandemia. Segundo ela, tudo começou quando ela e uma amiga, hoje sócia, decidiram vender peças do próprio guarda-roupa. “A gente tinha o guarda-roupa cheio de bolsas e vestidos, as festas pararam, e resolvemos nos desapegar. Fizemos um perfil no Instagram e começou a vender muito rápido.” Com o tempo, familiares e amigas passaram a pedir que elas vendessem suas peças também. “Quando vimos, já era um negócio funcionando, sem a gente investir um real.”
Ela explicou que o modelo cresceu de forma orgânica e que o brechó premium segue um padrão de curadoria que reflete o novo perfil do mercado. “Hoje não existe mais aquela imagem de roupa amontoada. As peças são boas, muitas em estado de novo. É um conceito de circularidade: algo que não faz mais sentido pra mim pode fazer muito sentido pra outra pessoa.” Katherine acrescentou que encontra clientes que dizem que só conseguem ter certas marcas por causa do brechó, reforçando o impacto social e econômico desse tipo de consumo.
Apesar dos avanços da moda circular, esse mercado ainda enfrenta desafios: a profissionalização desigual, a falta de incentivos e a dependência de nichos mais informados do consumidor. Mesmo assim, Katherine acredita que o Brasil pode acompanhar o crescimento global do setor.
A segunda convidada, Juliana França, contou que sua entrada no empreendedorismo aconteceu cedo. Ela lembra que sua vida na empresa começou aos nove anos, quando acompanhava a mãe. “Eu achava que estava só indo junto, mas já estava me inserindo no mundo do empreendedorismo.” Aos 13 anos, decidiu estudar à noite para trabalhar o dia inteiro. Segundo ela, o objetivo era aprender na prática e, futuramente, aplicar métodos de gestão para ajudar a melhorar o negócio da família.
A espiritualidade tem papel central em sua rotina. “Eu dependo muito de Deus para tomar decisões. Claro que olho dados e indicadores, mas sempre oro antes de decidir algo importante.” Essa prática acabou se tornando parte da cultura da empresa. “Toda segunda-feira, às 7h30, eu faço uma oração na empresa. Quem quiser participar, participa. No primeiro dia foi quase todo mundo. Depois foi variando, mas virou hábito.” Ela conta que, mesmo quando está viajando, o time mantém a rotina: “Eu vi pelos stories que eles fizeram a oração sem mim. Aí eu percebi que aquilo virou cultura.”
A presença da espiritualidade no ambiente corporativo, ainda que voluntária, gera discussões importantes sobre diversidade religiosa e possíveis desconfortos para quem não compartilha da mesma fé. É um ponto sensível que muitas empresas evitam enfrentar.
Juliana também comentou sobre o fato de atuar em um setor majoritariamente masculino. Para ela, a convivência com esse ambiente desde criança fez com que esse aspecto nunca surgisse como barreira. “Eu cresci ali dentro, com muitos homens trabalhando. Minha mãe sempre esteve ao lado do meu pai na empresa, então nunca vi isso como um impedimento.”
A sucessão familiar ocorreu sem formalidades. Quando o pai teve um problema de saúde e se afastou, ela e os irmãos já estavam envolvidos e assumiram naturalmente. “Quando ele voltou, já estávamos tocando a empresa. Ele deixou nas nossas mãos aos poucos.”
Para Juliana, o olhar feminino acrescenta nuances importantes ao negócio: “A mulher conquista pelo coração. Ela percebe detalhes, vê coisas que às vezes passam despercebidas.” Ela relata que muitas jovens a procuram dizendo que se inspiram nela para conquistar espaço em empresas familiares.
Conciliar tantos papéis como o de mãe, esposa, empresária, exige escolhas. Juliana afirma que a chave está em entender o que realmente importa para cada membro da família. “Eu pergunto para as minhas filhas: o que deixa vocês felizes? O que é importante para vocês? A partir disso, priorizo. Não perco tempo com o que só ocupa agenda.”
Katherine, que também vive múltiplos papéis, compartilha visão semelhante. “É impossível equilibrar tudo 100%. A gente molda conforme as demandas.” Ela diz que tenta estar presente integralmente em cada momento. “Quando estou com minha filha, estou com ela. No escritório, estou no escritório. No brechó, estou ali.” Seu bom humor constante, segundo ela, tem origem antiga: “Eu li Poliana quando era criança e acho que tenho a síndrome de Poliana total. Sempre tento ver o lado bom.”
Conheça um pouco mais sobre cada entrevistada
Juliana França
- Livro que mudou sua vida? Chocolate nas veias – Renata Vichi
- Um sonho ainda não realizado? Minha casa, construída por mim
- Maior conquista que te enche de orgulho? Meu casamento
- Medo que te impulsiona a melhorar? O medo
- Uma decisão que você repensaria? Nenhuma
- Qual hábito diário mais impacta positivamente sua vida? Oração
- Qual conselho você daria ao seu eu mais jovem? Tudo isso vai passar, você vai melhorar!
- Qual marca você quer deixar para o mundo? Um legado
- O que seria seu “luxo” essencial? Estar com a minha família todos os dias
- Onde você se vê daqui a 5 anos? Na minha casa nova.
Katherine Koch
- Livro que mudou sua vida? Poliana – Eleanor Pother
- Um sonho ainda não realizado? Casar na igreja
- Maior conquista que te enche de orgulho? A minha jornada profissional
- Medo que te impulsiona a melhorar? Eu sou muito corajosa,
- Uma decisão que você repensaria? Relacionamentos passados
- Qual hábito diário mais impacta positivamente sua vida? Exercício físico
- Filme ou série que te inspira a empreender? House of Guinness
- Qual conselho você daria ao seu eu mais jovem? Faça
- Qual marca você quer deixar para o mundo? A minha alegria
- Música pop ou rock que te dá energia? Kid Abelha
- O que seria seu “luxo” essencial? Família
- Onde você se vê daqui a 5 anos? Evoluindo sempre.
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