Riscos Hidrológicos: Santa Catarina enfrenta cenário incerto com chuvas abaixo da média

No último mês, o estado de Santa Catarina vivenciou um cenário de contrastes no volume de chuvas, com registros acima da média climatológica no oeste e extremo oeste, e abaixo do esperado nas regiões entre o meio oeste e o litoral. Esses dados são parte do boletim hidrometeorológico mensal elaborado pelas Secretarias de Estado do Meio Ambiente e Economia Verde, e de Proteção e Defesa Civil, em colaboração com as agências reguladoras de saneamento básico.
De acordo com o documento divulgado pelo governo estadual, 119 municípios catarinenses encontram-se em condição de seca fraca do centro ao leste do estado, evidenciando a necessidade de atenção para um possível déficit hídrico no fim do primeiro semestre.
O hidrólogo da Defesa Civil de Santa Catarina, Dieyson Pelinson, explicou a situação atual e as perspectivas futuras: “A gente teve um período bem chuvoso ali de setembro a dezembro do ano passado, a gente teve registros de eventos históricos de inundação, principalmente na região do Vale do Itajaí. Nesse momento a gente já tem as bacias hidrográficas do estado em condição dentro da normalidade, só que a gente tem uma tendência agora fazendo o balanço hídrico dessas bacias de déficit hídrico ao longo dos meses de inverno principalmente.”
Pelinson ressaltou a importância de monitorar o quantitativo de águas nos próximos meses para evitar problemas no crescimento da agricultura e no abastecimento público, especialmente em municípios do interior que dependem de águas subterrâneas.
O meteorologista chefe da Defesa Civil de Santa Catarina, Felipe Theodorovitz, projetou a sequência da distribuição irregular das chuvas nos próximos meses, destacando a tendência de chuva dentro ou levemente acima da média, mas com a possibilidade de uma diminuição das chuvas no segundo semestre devido ao enfraquecimento do El Niño.
Theodorovitz afirmou: “Essa previsão indica realmente para os próximos três meses ainda um enfraquecimento do El Niño bastante rápido, que tem um impacto nas chuvas aqui no nosso estado, então isso também vai ser sentido com relação às chuvas. Por conta dessa distribuição irregular das chuvas, a gente teve essa diferença entre oeste e leste do estado, e nos próximos três meses, a gente provavelmente vai continuar nessa condição também, com uma tendência de chuva dentro e até levemente acima da média ainda nos próximos três meses, mas com a união perdendo força e a gente tendo a perspectiva de previsão de La Niña, principalmente para o segundo semestre, a tendência é que ela impacte na diminuição das chuvas aqui no nosso estado.”
Conforme relatos do estado, diversos municípios catarinenses, como Rio do Sul, Aurora, Guabiruba, Garuva, Ituporanga, Governador Celso Ramos e Itapoá, já enfrentaram dificuldades para manter o abastecimento devido à qualidade da água. O gerente de saneamento e gestão de recursos hídricos da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, Vinícius Tavares Constante, enfatizou a importância da mobilização e adoção de medidas para evitar perdas e promover o uso racional e consciente dos recursos hídricos em todas as regiões do estado.
“Temos um alerta dessas previsões de longo prazo, então podemos ter, nos próximos meses, uma situação um pouco pior do que estamos enfrentando. É importante manter a mobilização com medidas para evitar perdas e o uso racional e consciente dos recursos hídricos por todos”, concluiu Constante.