Papo Empreendedor: Construindo negócios com alma — Por que uns encantam e outros só vendem?

Em tempos em que produtos se copiam, serviços se igualam e tecnologias se replicam com um clique, a verdadeira diferenciação está na alma do negócio. Essa foi a provocação central da conversa entre Kairam Cabral, especialista em inteligência emocional e liderança, e Luís Carlos Consoni, sócio da Casa 12, no episódio mais recente do programa Papo Empreendedor.
Mais do que debater estratégias de vendas ou marketing, a conversa mergulhou fundo em temas como propósito, bem-estar, autenticidade, performance emocional e a importância de colocar alma em cada detalhe do negócio. Afinal, como bem definiu Kairam logo no início. “Tem empresa que vende, tem empresa que encanta. Encantar é quando o cliente sente a tua verdade. Sente que aquilo ali não é só uma entrega técnica, mas emocional, autêntica. Isso é alma.”
Liderar com alma começa por dentro
Kairam, com mais de 17 anos de experiência em desenvolvimento humano e gestão de times, compartilhou a transformação da sua empresa como um marco de virada — não pelo modelo de negócio, mas pela mentalidade. “Quando a gente mudou o posicionamento e começou a trabalhar o comportamento da equipe, o resultado disparou. A mesma equipe, os mesmos produtos, mas agora com uma mentalidade de excelência. Crescemos 15 vezes em menos de um ano.”
Segundo ele, não existe performance sustentável sem saúde emocional. E o papel do líder é essencial nesse processo. “Tem gente que espera o cenário ideal pra aplicar inteligência emocional. Mas a vida real não é assim. O teste é nos dias difíceis. É fácil ser paciente quando tudo tá fluindo. Difícil é manter a calma quando alguém tira o teu sossego. Mar calmo não forma bons marinheiros.”
Citando a pesquisa da TalentSmart, que aponta que 90% dos profissionais de alta performance têm alto QE (quociente emocional), ele reforça. “Líder que inspira, que guia, que sustenta uma equipe — ele tem que ser emocionalmente preparado. Não dá pra terceirizar isso.”
Kairam, especialista em desenvolvimento humano, revela um lado pouco conhecido de sua trajetória, que mostra como a superação de medos pessoais pode ser o ponto de partida para uma liderança transformadora.
“Eu era muito tímido, não gostava de falar em público, eu evitava, era um bloqueio muito grande, me travava. Eu vi que para crescer e conseguir ajudar mais pessoas, eu precisava superar isso, então fui me preparando, estudando, comecei a fazer palestras.”
O ambiente também tem alma
Luís, sócio da Casa 12 — especializada em curadoria de ambientes e mobiliário — trouxe uma perspectiva complementar: a alma também está nos espaços. “A gente não entrega só design. A gente entrega sensação. Veste a casa com a identidade do cliente. Nosso desafio é fazer com que, ao entrar em um ambiente, ele se sinta em casa de verdade — e não num catálogo de tendências.”
Para ele, o verdadeiro luxo hoje não é mais sobre ostentação, mas sobre conexão. “A Casa Vogue disse que o novo luxo é o bem-estar. E a gente acredita muito nisso. É criar espaços que tragam conforto emocional, e não só visual. Que façam a pessoa respirar aliviada.”
E essa visão começa dentro da própria equipe. “Comportamento vem antes da técnica. A gente pode ensinar como fazer, mas o ‘por que’ fazer precisa vir da pessoa. Um colaborador bem cuidado entrega um atendimento encantador.”
O processo do cliente
Para Luís, a arquitetura vai muito além da estética — é sobre o processo completo pelo qual o cliente passa, e que envolve liderar uma equipe e criar uma experiência única. Ele explica que a Casa 12 busca trabalhar essa jornada com um olhar cuidadoso para o bem-estar e para a identidade de cada cliente. “A Casa 12 nasce dentro da arquitetura, que é o estudo da composição do espaço, luz, cor, forma. A gente entende o espaço para criar identidade. Mas mais do que isso, é liderar um processo que envolve profissionais, fornecedores e o cliente, que precisa se sentir acolhido e ouvido durante todo o caminho.”
Sobre a curadoria da Casa 12, ele ressaltou a busca por personalização. “A gente não segue tendências só para seguir, mas para que o cliente se veja no ambiente. Esse é o nosso diferencial.”
O digital com essência
Sobre transformação digital, ambos foram diretos: não se trata de uma escolha futura — já é passado. “Tem gente que ainda tá pensando se vai entrar no digital. Já tá atrasado. A questão não é se você tem todos os recursos, é se você tem constância e coragem pra aparecer. Quem tem essência, conecta”, afirmou Kairam.
Ele reforçou que muitas vezes o medo do julgamento impede os primeiros passos. “Sempre vai ter quem não goste. Antes eu focava nisso. Hoje entendi que você será amado e odiado pelo mesmo motivo: por ser quem você é. E se você não fizer nada, ainda vai ser criticado por isso.”
Mentalidade de abundância x mentalidade de escassez
Kairam explicou a diferença entre viver com consciência de abundância e ser guiado por escassez. “Às vezes o empresário diz que tá pagando muito imposto. Mas se está pagando, é porque tá faturando. Outro reclama que o colaborador tá ganhando muito — mas é porque ele tá entregando muito. A escassez está na mentalidade.”
Ele contou que conviver com pessoas que têm essa consciência de prosperidade foi essencial para desbloquear crenças limitantes. “Muita gente não prospera porque não acredita que merece. Tem vergonha de curtir o que conquistou, medo do que os outros vão pensar. Isso é escassez. E escassez bloqueia resultado.”
E como identificar uma crença limitante? “Sempre que você não tá conseguindo um resultado que deseja, provavelmente tem um pensamento limitante por trás. Às vezes você nem sabe que é uma crença, mas ela tá te travando. A boa notícia é que dá pra mudar.”
Encantar exige verdade
O ponto comum entre os dois entrevistados foi claro: para encantar, é preciso verdade. Alma. Entrega emocional. “Hoje tem muita empresa que vende bem, mas não encanta. Não fideliza. E a diferença está na alma da entrega. Você sente quando o negócio foi feito com verdade. O cliente percebe”, disse Kairam.
Luís concluiu com um olhar sensível sobre a missão da Casa 12. “Nosso objetivo é que cada cliente sinta que aquele ambiente foi feito pra ele. E isso não se compra pronto. Isso se constrói com sensibilidade, com escuta, com alma.”
Conheça um pouco mais sobre os entrevistados
Luís Carlos Consoni
- Livro que mudou sua vida? A Bíblia
- Um sonho ainda não realizado? Uma viagem específica
- Maior conquista que te enche de orgulho? Minha família
- Qual conselho você daria ao seu eu mais jovem? Estude
- O que seria seu “luxo” essencial? Consciência tranquila
Kairam Cabral
- Livro que mudou sua vida? O Alquimista
- Um sonho ainda não realizado? Ter filhos
- Qual hábito diário mais impacta positivamente sua vida? Fazer exercícios
- Qual conselho você daria ao seu eu mais jovem? Se afaste de pessoas mesquinhas, pessimistas e vitimistas
- Onde você se vê daqui a 5 anos? Na minha vida pessoal, já com filhos, vivendo essa fase, com mais tempo para o estudo, para o exercício. Já na vida profissional, com cada uma das empresas sendo referências e fazendo eventos para mais pessoas e com mais impacto
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