Orleans: Projeto que propunha inclusão de frutas na merenda escolar é retirado da pauta e gera polêmica em rede social
Vídeo publicado nas redes sociais por cinco vereadores de oposição gerou repercussão ao abordar a retirada de um projeto de lei que previa a inclusão de frutas como pitaya, morango e uva na merenda escolar da rede municipal de Orleans

Os vereadores Pedro Orbem, Dovagner Baschirotto, Mirele Debiasi, Marlise Zomer e Maiara Dal Ponte Martins, publicaram um vídeo e expressaram indignação com a não tramitação nas comissões da Câmara, o que impediu sua ida ao plenário para votação, do projeto que propõe a inclusão de frutas na merenda escolar municipal.
“Colocamos aqui na casa um projeto para o incentivo da pitaya, do morango e da uva na merenda escolar das nossas crianças, mas nem passou das comissões para ir para votação”, afirmou a vereadora Mirele. Os vereadores classificaram a situação como um desrespeito ao papel do legislador municipal. “Mais uma vez, indignada pela nossa proibição, pelo autoritarismo que estão impondo, cortando nossa função como vereadores dentro da comunidade”, completou a vereadora Maiara.
Segundo os autores, a proposta também visava fomentar a produção da agricultura familiar no município, gerando renda para pequenos produtores locais. Contudo, o projeto encontrou resistência e acabou sendo retirado de pauta pelos próprios proponentes. “Crianças foram prejudicadas com a rejeição desse projeto que visava fortalecer a alimentação saudável”, disse a vereadora Maiara.
O Portal Ligado no Sul entrou em contato com a vereadora Mirele Debiasi, uma das autoras do projeto, que declarou. “O nosso projeto visa a inclusão dessas frutas (uva, morango e pitaya) na merenda escolar, pois são alimentos ricos em nutrientes. Talvez também em suas casas, muitas das nossas crianças não têm acesso a essas frutas na sua alimentação. E é claro, para apoiar os nossos produtores, sendo que eles podem fornecer essa fruta para o município. O projeto, que é simples, ficou 60 dias nas comissões, para no fim, ter esse desfecho. A população perde com isso,” desabafa a vereadora.
Perguntada sobre o motivo da não aprovação, a vereadora informou que os membros da comissão alegaram que “a pitaya e o morango já foram oferecidos anteriormente na merenda, então não precisava de lei de incentivo para essas frutas e produtores.”
Ela ainda explicou que houve tentativa de aprovação do projeto apenas com a inclusão da uva, e com restrição etária para o consumo da fruta. “Minha opinião é: o que for referente à idade e à forma de inclusão desses alimentos na merenda, cabe ao nutricionista da Secretaria de Educação, que é o profissional apto e responsável pela elaboração da merenda”, afirmou.
“Então, sem consenso, e por não aceitarmos tirar o incentivo do morango e da pitaya, esse ótimo projeto nem teve força de ir para votação em plenário.”
A vereadora Maiara Dal Ponte também respondeu ao contato da reportagem e relatou mais detalhes da situação. “A resposta que tivemos da vereadora Jana e do vereador Osvaldo é que os produtores aqui do município não querem participar das licitações. A vereadora Jana frisou que conversou com produtores e eles disseram não ter interesse. Disse também que a uva pode representar risco de afogamento para crianças pequenas, e que não era a favor de fornecê-la. A proposta só passaria se fosse modificada para incluir apenas a uva, e ainda com restrição etária, a partir do 1º ano do ensino fundamental.”
Maiara reforçou que atualmente nenhuma dessas frutas está presente no cardápio escolar, mesmo sendo produzidas no município. “Nosso objetivo era incentivar a alimentação saudável e, ao mesmo tempo, beneficiar os agricultores familiares.”
Ela relatou ainda que o clima foi bastante tenso, com momentos de desentendimento e pouco diálogo construtivo entre os participantes. “Decidimos tirar o projeto sobre pressão e vergonha do que fizeram ontem na reunião”, disse a vereadora, que adiantou que deve comentar publicamente o episódio na próxima sessão da Câmara. “Na segunda-feira, irei comentar sobre tudo isso na tribuna.”
O caso repercutiu nas redes sociais, onde muitos internautas manifestaram apoio à iniciativa. Uma produtora de pitaya comentou: “Temos que pensar nas crianças e na produção. Sou produtora de pitaya, isso seria um incentivo à produção e também incluiria uma fruta saudável, com vários benefícios para a saúde, assim como o morango e a uva. Temos que apoiar coisas boas, independente de partido.”
Outro usuário questionou a rejeição: “Como assim? A uva é super nutritiva e já é oferecida desde cedo na introdução alimentar!”
A equipe de reportagem do Portal Ligado no Sul seguirá acompanhando os desdobramentos do caso e trará atualizações nas próximas sessões da Câmara e eventuais manifestações das partes envolvidas.