Maratona de Florianópolis: pai e filha mostram que juntos é possível ir além

Neste final de semana, a Maratona Internacional de Florianópolis reuniu mais de 19 mil corredores de todo o Brasil e do mundo e teve um momento especial. Aos 61 anos, José Carlos Sprícigo, residente em Içara, e sua filha Malu Cordini Sprícigo, de Florianópolis, completaram os 42,195 km lado a lado, transformando a prova em uma verdadeira celebração de dedicação, disciplina e vínculo familiar.
Os dois começaram a correr em 2020, durante a pandemia, e a paixão pelo esporte se tornou uma rotina. Malu lembra que nunca imaginou chegar a uma maratona completa. “Eu fui comemorando cada vitória: 5 km, 10 km, 15 km, 21 km… Depois de seis meias-maratonas, senti que estava pronta para um desafio maior. A ideia de correr a maratona surgiu exatamente cinco anos depois de eu ter começado a correr”, contou.
José Carlos explica que a escolha de Florianópolis tinha um motivo especial: “Nós dois gostamos muito do circuito de provas da cidade. Treinamos muitas vezes por lá: eu quando estou em Jurerê, e Malu, que reside em Florianópolis, concentra seus treinos na Ilha da Magia. Florianópolis é turística e atrai corredores do Brasil inteiro, fazendo com que a Maratona cresça ano a ano, ultrapassando 19 mil inscritos em 2025”, disse.
O percurso da Maratona de Florianópolis combina longas retas, variações de altitude e belas paisagens da capital catarinense, exigindo resistência física e força mental. Foi justamente nessa combinação que pai e filha se apoiaram mutuamente. Malu lembrou dos últimos quilômetros: “Depois do km 35, que era distância desconhecida para mim, olhei para meu pai no km 37 e disse ‘pai, estou cansada’. Ele respondeu: ‘calma, vai melhorar, na curva melhora’. O mental de aço dele foi essencial para eu continuar.”
Cruzar a linha de chegada foi um momento carregado de emoção, especialmente para José Carlos. “Durante a prova, lembrei de quando eu a carregava no colo e agora estávamos juntos completando uma maratona. Já tínhamos participado de várias provas juntos: 5 km em Tubarão, 10 km em Araranguá, 15 km em Melbourne e meias-maratonas em Florianópolis e Criciúma, mas esta foi a nossa primeira maratona completa. Foram 42 km que me encheram o coração de alegria e emoção”, contou.
Para Malu, a jornada também teve momentos marcantes. “O mais emocionante foi na largada, pensando em todo o ciclo de treinos, mas a chegada foi inesquecível. A jornada até lá foi o verdadeiro prêmio.” A experiência também teve um significado especial sobre limites e força. “Essa experiência me mostrou que idade não é limitador de nada, e que nosso corpo pode muito mais do que imaginamos. Principalmente nos quilômetros finais, cada passada me lembrava do quanto meu pai me inspira e do quanto ele é essencial nesse percurso”, contou, exaltando o pai.
A preparação exigiu disciplina e dedicação. “Nosso ciclo de 16 semanas envolveu quatro treinos de corrida por semana, com distâncias e tempos variados, e duas atividades de reforço muscular. O descanso só acontecia no domingo. Além do físico, há o desafio emocional: saber que atingir um objetivo maior exige renúncias sociais e familiares, mas a recompensa vem,” lembrou José Carlos.
A experiência fortaleceu ainda mais a relação entre pai e filha. “Existe uma cumplicidade enorme entre nós. Os treinos, conversas e incentivos criam um ambiente que aproxima e fortalece a relação familiar”, afirmou José Carlos.
E a história não para por aí. A dupla já planeja novas aventuras: “Ainda no domingo, durante o almoço, já conversamos sobre a próxima maratona! Há convites para Montevidéu, Buenos Aires, Porto Alegre, e Malu quer correr a Maratona de Berlim. Também temos Criciúma e São Paulo ainda este ano”, revelaram.
A Maratona Internacional de Florianópolis, consolidada como uma das provas mais importantes do Brasil, foi palco de superação, inspiração e conexão familiar. Para José Carlos e Malu Sprícigo, mais do que completar a prova, a experiência reforçou valores de disciplina, motivação e união, mostrando que juntos é possível ir além dos próprios limites.