A 26ª Sessão Ordinária da Câmara de Vereadores de Orleans, realizada nesta segunda-feira (21), foi marcada por confusão, troca de acusações e quase chegou às vias de fato entre parlamentares. O clima acalorado interrompeu os debates sobre projetos de lei, indicações e requerimentos e fez com que o presidente da Casa, vereador Joel Cavanholi (PL), suspendesse os trabalhos temporariamente.

“Lamentável, um clima acalorado que levou quase aos fatos realmente”, disse Joel em entrevista ao Jornal da Guarujá, nesta terça-feira (22).

O presidente afirmou que tomará providências para evitar que situações como a desta segunda se repitam. “Está saindo fora do controle o desrespeito ao uso da tribuna. Não conseguimos proceder com a leitura das correspondências da Casa por conta do tumulto de alguns vereadores, que fogem do contexto principal”, disse. “É sempre com piadinhas, com deboche. Isso está virando quebra de decoro. Não está mais sendo com ética. Está ficando insustentável”, completou.

Segundo Joel, o público que assiste a sessão online nem sempre percebe o comportamento dos vereadores que não estão na tribuna. “A população vê o momento em que a câmera está focada no vereador que está falando, mas não vê a reação dos demais. E isso, ontem, tirou a atenção e viabilizou um confronto direto”, pontuou.

O presidente classificou como “infantilidade” o comportamento de alguns parlamentares. “Já passou seis meses, estamos quase no oitavo mês e as coisas estão criando ali dentro uma infantilidade. Não é mais ética. É infantilidade para alguns vereadores.”

Joel também falou sobre o desentendimento com a vereadora Marlise Zomer (PSDB). Segundo o presidente, ele e os vereadores da situação, foram acusados de “incompetentes” após atuar para viabilizar recursos destinados à construção de uma Casa-Dia para idosos. “O que aconteceu ontem? Simplesmente colocaram que o deputado estadual Volnei Weber (MDB) conseguiu todo o valor. Não foi mencionado o tempo todo a ajuda mútua que eles tinham pedido. E ainda falaram que nós somos incompetentes, que embarcamos no projeto deles”, desabafou.

“Eu não embarquei em projeto nenhum. Fomos em Florianópolis na última segunda-feira buscar recursos para a educação, e tocamos no assunto da Casa-Dia. A secretária me ligou no mesmo dia dizendo que os R$ 7,1 milhões estavam deliberados e que eu tinha o compromisso de chamar a bancada do MDB e do PSDB. Assim foi feito”, explicou.

Joel afirmou que não vai mais tolerar provocações durante as sessões. “Não dá mais para ficar tocando sessão com alguns vereadores lá dentro tumultuando. Está fora do contexto. Está complicado. Não vai ficar assim. Vamos usar o regimento, vamos usar a legalidade. Se for para expor quebra de decoro, nós vamos fazer isso”, garantiu.

Discussão entre vereadores quase termina em agressão

O momento mais tenso da sessão ocorreu durante o pronunciamento do vereador Dovagner Baschirotto (MDB), que abordava questões relacionadas à área da saúde. “Praticamente todo dia vem uma ou mais pessoas relatar o que está acontecendo na saúde, principalmente com relação a filas. Tem que ir para o postinho às três da manhã para tentar uma consulta, e ainda ficar esperando uma, duas, três semanas para conseguir uma ficha”, afirmou.

Dovagner também criticou o modelo de encaminhamento para consultas oftalmológicas. “Acaba tirando a vaga de alguém que precisa de consulta, porque o teu procedimento é só para encaminhar para o oftalmologista. Isso, para mim, poderia ser resolvido direto na secretaria”, argumentou.

Durante seu discurso, o vereador concedeu espaço ao líder do governo, Osvaldo Cruzetta (PP). A discussão se acirrou rapidamente, e os dois precisaram ser contidos por servidores da Câmara. “Há vereadores que se acham os donos da Câmara. Não é porque ele está aqui há cinco, seis mandatos que vai ser o dono. O respeito tem que ser de todos, do mais novo ao mais velho. Mas o mais velho também tem que respeitar o mais novo”, disse o vereador do MDB.

Sobre o vereador Osvaldo, Dovagner foi direto: “Conhecendo o Vá, lá na frente a gente vai conversar e vai tolerar, mas na hora ele foi deselegante com a fala. Eu acho que ele deveria pensar bem no que ele fala, porque isso repercute muito mal na cidade.”

A reportagem entrou em contato com Osvaldo Cruzetta logo após a sessão. Às 21h01, o vereador confirmou que concederia entrevista na manhã seguinte. No entanto, às 21h27, enviou um áudio cancelando a participação. “Boa noite. Eu estava conversando aqui com a minha assessoria. Eu acho bom ligar direto para o secretário da Saúde para falar a respeito do que foi levantado na tribuna”, disse.

O secretário de saúde Paulo Conti, citado por Dovagner durante o discurso, estava presente na sessão, mas não quis gravar entrevista. Segundo ele, pretende se manifestar na próxima semana, caso tenha espaço na tribuna.

Projeto da Casa-Dia para idosos é confirmado

Apesar das discussões, a sessão também trouxe uma boa notícia para o município. A vereadora Mirele Debiasi (PSDB) anunciou que Orleans foi contemplada com recursos do Governo do Estado para a construção de uma Casa-Dia voltada ao atendimento de idosos.

“Há cerca de vinte dias, eu, a Marlise (PSDB), o Pedro (MDB), a Maiara (MDB) e o Dovagner (MDB), estivemos numa audiência com a Secretária de Estado da Assistência Social, Mulher e Família de Santa Catarina, Adeliana Dal Pont, acompanhados do deputado estadual Volnei Weber. Levamos esse pedido, que é um sonho de muito tempo da cidade de Orleans”, explicou.

O projeto prevê um espaço onde os idosos possam passar o dia realizando atividades diversas, enquanto suas famílias trabalham. “Não é para morar, é para o idoso passar o dia. É uma forma de manter ele ativo, bem cuidado, com acompanhamento”, explicou Mirele.

Segundo a vereadora, o recurso de quase R$ 8 milhões já foi sinalizado, mas depende da contrapartida do município. “Marcamos uma reunião com o prefeito Fernando. Ele nos agradeceu, pois disse que esse projeto estava no plano de governo dele. Pedimos que ele assinasse o ofício aceitando o recurso, e ele sinalizou positivamente. Foi uma grande conquista.”

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