Medo ainda afasta mulheres dos exames que podem salvar vidas, alerta ginecologista
Dra. Katiane Brugnara Zanini ressalta que o diagnóstico na fase inicial tem alta taxa de cura e enfatiza a influência do estilo de vida nos novos casos.

Dando sequência à campanha “Três cores, uma causa”, o Jornal da Guarujá conversou nesta sexta-feira (17) com a médica da família, ginecologista e obstetra, Dra. Katiane Brugnara Zanini, sobre a importância da prevenção ao câncer de mama e ao câncer de colo de útero.
Segundo a médica, os números continuam preocupantes. “Ainda preocupam, muito. Existe um tabu muito grande em relação à coleta do preventivo e à realização da mamografia. As mulheres ainda se colocam em segundo plano, cuidam do marido, do filho e deixam um exame tão simples como a mamografia para depois. Ou é o medo. As pessoas têm medo de fazer o exame. Eu gostaria que elas tivessem medo da doença, não do exame”, afirmou.
Ela explicou que o preventivo sofre resistência por ser um exame mais íntimo. “A coleta do preventivo, por ser um exame mais invasivo, faz com que a mulher precise sair de casa, e ela acaba deixando para depois. Mas é justamente para isso que a gente está aqui hoje: para mostrar que ela precisa se cuidar, precisa fazer o autoexame e não só em outubro, mas de outubro a outubro”, destacou.
Diagnóstico precoce e estilo de vida
Questionada sobre o medo das pacientes, Dra. Katiane respondeu: “As duas coisas. Mas eu acredito que elas têm mais medo do diagnóstico. E é justamente isso que elas não podem ter. Quando diagnosticamos o câncer de mama na fase inicial, nas microcalcificações que só aparecem na mamografia, a chance de cura ultrapassa 95% com as tecnologias atuais. E o mesmo ocorre com o câncer de colo de útero: se ela faz o preventivo e detecta um NIC 2 ou NIC 3, que são lesões antes do câncer, a chance de cura chega a 100%.”
A médica destacou que o preventivo deve começar dois anos após o início da vida sexual, e a mamografia a partir dos 40 anos. “Mas se houver histórico familiar, uma mãe que teve câncer de mama aos 45, por exemplo, é importante começar antes, aos 35 anos. O ideal é individualizar, não estabelecer uma idade única para todas”, explicou.
Katiane também lembrou que a maioria dos casos não tem origem genética. “No câncer de mama, 5% são hereditários, mas 95% não são. O principal fator de risco hoje é a obesidade. A população está mais obesa, e por isso há mais casos. Primeiro porque diagnosticamos mais, e também porque o fator de risco está em alta.”
Ela acrescentou que o estilo de vida influencia diretamente no aumento dos casos. “Está tudo no combo: obesidade, tabagismo, consumo de álcool, sedentarismo, falta de exposição solar. Tudo tem relação com o nosso modo de viver. Mesmo os cânceres genéticos podem ser modificados com um estilo de vida saudável. A gente chama isso de epigenética.”
Ao falar sobre os avanços tecnológicos, a médica ressaltou: “A medicina evoluiu bastante, tanto na quimioterapia, na radioterapia quanto na cirurgia. Nosso grande objetivo seria eliminar o câncer de mama, mas mesmo nas mulheres diagnosticadas precocemente, o tratamento melhorou muito. Claro que é um processo, mas hoje a paciente enfrenta essa etapa com muito mais recursos.”
Encerrando, ela reforçou: “A mulher não deve se cuidar só em outubro. Deve se cuidar de outubro a outubro.”
A Dra. Katiane Brugnara Zanini atende mulheres com mais de 40 anos e também oferece acompanhamento em menopausa, reposição hormonal e modulação intestinal. O consultório fica na Clínica Pró Saúde, na Rua Alexandre Sandrini, Centro de Orleans.
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