Infertlidade Masculina. Por Dr Rafael De Conti
Infertilidade conjugal é definida como a incapacidade de alcançar a gravidez após 12 meses de relações sexuais regulares e sem proteção. Aproximadamente 15% dos casais no mundo são acometidos por este problema. O problema é somente do homem em 20% destes casais.
Mas, qual o objetivo da avaliação masculina nestes casais?
É identificar as múltiplas condições tratáveis para ajudar o casal engravidar de forma natural ou aumentar as chances de sucesso nos casos que vão para fertilização, que chamamos de tratamento de fertilização assistida (TRA). Também temos o objetivo de identificar alterações genéticas a avaliar a possibilidade de transmissão destas alterações para o filho gerado.
Na avaliação masculina sempre precisamos avaliar a produção hormonal deste homem, que é basicamente controlado por três áreas do corpo masculino:
- Hipotálamo
- Hipófise
- Testículo
E, estas três áreas, trabalham em harmonia. Por exemplo, os homens que usam anabolizantes, o que virou moda atualmente, tem excesso de testosterona no sangue, o que inibe a produção de espermatozoides pelos testículos. Os níveis de alguns hormônios no homem, começam a se elevar na infância, entre os 6-8 anos de idade, seguidos depois pela elevação da testosterona, em média, aos 12 anos de idade, quando se inicia a produção de espermatozoides.
Causas de infertilidade masculina
Dentre as causas temos a varicocele, cânceres, infecção urinárias e dos órgãos genitais, malformações dos órgãos urogenitais, problemas genéticos , doenças endócrinas e problemas imunológicos. Dentre todas estas causas, a varicocele (varizes) são responsáveis por 40% dos casos, sendo o problema mais frequentemente encontrado.
Fatores de Risco:
1)Cigarro
2)Obesidade
3)Síndrome metabólica (A síndrome metabólica é caracterizada por uma grande circunferência abdominal (devido à gordura abdominal excessiva), hipertensão arterial, resistência aos efeitos da insulina (resistência à insulina) ou diabetes e por níveis alterados de colesterol e outras gorduras no sangue (dislipidemia).
4)Substâncias tóxicas, que incluem anabolizantes e drogas recreacionais
5) Pacientes que passaram por radioterapia
6) Pacientes que passaram por quimioterapia
7) Idade avançada do pai
E como nós urologistas avaliamos o homem infértil?
Sempre com uma boa anamnese, exame físico e coleta de espermograma. Em caso de espermograma alterado, uma segunda amostra deve ser coletada com intervalo mínimo de duas semanas.
Termos dados elementares na entrevista do paciente infértil que podem fazer diferença
-Qual a idade do casal? Tempo de tentativa? Métodos anticoncepcionais usados anteriormente? Tratamentos prévio? Como anda a investigação de fertilidade da parceira?
-Há alguma alteração na ereção? Na ejaculação? Na libido? Qual a frequência sexual?
-Houve alguma cirurgia na infância? Por exemplo, cirurgia de criptorquidia (que são testículos não descidos), hérnias, traumas, torção testicular. A puberdade foi normal?
-Alguma infecção no passado, como doenças sexualmente transmissíveis, caxumba com orquite, a famosa “caxumba recolhida”?
-Uso de álcool, tabaco, maconha, esteroides, medicamentos, exposição a altas temperaturas em saunas?
-Alguém na família teve infertilidade ou doenças endócrinas?
Ao examinar o paciente o urologista examina o cordão testicular, o volume consistência e posição dos testículos e avaliação do pênis, vendo se os mesmo tem alguma lesão, fimose e freio curto.
E o espermograma?
A organização mundial da saúde estipulou que para uma avaliação mais precisa são necessárias pelo menos 2 amostras do sêmen, com abstinência de 2 a 7 dias, com intervalo de aproximadamente 15 dias entre um e outro.
Em certos casos precisamos analisar a fragmentação do DNA, como casos de perdas gestacionais recorrentes. 6% dos homens inférteis têm alterações cromossômicas e está indicada com homens com menos de 5 milhões de espermatozoides/ml de sêmen. Nestes casos pede-se um exame chamado microdeleções do cromossomo y e cariótipo.
Outros exames solicitados pelo urologista são o ultrassom testicular, o ultrassom trans-retal, a ressonância magnética da pelve e a biópsia testicular em casos muito específicos. Quando indicada uma biópsia do testículo sempre importante enfatizar deve ser feita em centros de reprodução capazes de fazer criopreservação no casos de encontrarmos espermatozoides.
Importante salientar que, mesmo em casos graves de infertilidade, temos avanços importantes no sucesso no TRA, tornando raros os casais que não conseguem ter filhos com estas técnicas