Para uma melhor experiência neste site, utilize um navegador mais moderno. Clique nas opções abaixo para ir à página de download
Indicamos essas 4 opções:

Google Chrome Opera Mozilla Firefox Microsoft Edge
Ok, estou ciente e quero continuar usando um navegador inferior.

A normalização do anormal. Por Ana Dalsasso

Por Ana Maria Dalsasso16/09/2025 15h30
Foto/Projeto Inove

A sociedade contemporânea tem testemunhado uma preocupante inversão de valores, na qual princípios essenciais à convivência humana estão perdendo espaço para atitudes marcadas pelo egoísmo, pela intolerância e pela ausência de responsabilidade. A deterioração dos princípios morais, éticos e sociais, outrora considerados prioritários, traz consigo uma série de consequências que afetam a convivência humana, incluindo relações familiares, profissionais e sociais.  A sociedade está doente.

Um dos aspectos mais alarmantes é a crescente falta de respeito ao próximo. Atitudes de hostilidade e agressividade tornam-se frequentes, seja no convívio cotidiano, seja nas redes sociais, onde o anonimato favorece a propagação de discursos de ódio. Nesse cenário, desejar a morte de alguém — algo que deveria soar impensável — tornou-se, infelizmente, uma expressão comum, evidenciando o enfraquecimento da empatia e do valor da vida. E o pior, partindo de jovens, professores, autoridades, profissionais que deveriam ser referência, a exemplo do que acompanhamos essa semana com o assassinato do jovem americano.

O desrespeito a figuras de autoridade, como professores e pais, também reflete esse processo de degradação. O espaço escolar, que deveria ser de aprendizado e valorização do conhecimento, muitas vezes é palco de atitudes de indisciplina e desconsideração. Muitas salas de aula tornaram-se espaço de doutrinação, onde ideologias contrárias aos valores morais são disseminadas. Do mesmo modo, a relação entre pais e filhos se vê fragilizada pela falta de diálogo e pela perda de referências éticas, comprometendo a formação de cidadãos conscientes.

Outro ponto a se destacar é a ausência de ética e de comprometimento. A busca pelo benefício próprio, mesmo que em detrimento do coletivo, tornou-se prática recorrente. A negligência com responsabilidades, seja na vida profissional, seja no exercício da cidadania, demonstra como valores fundamentais, como honestidade, solidariedade e compromisso social, são frequentemente deixados de lado.

Além disso, instituições que deveriam ser guardiãs da ética — como a família, a escola e até o Estado — enfrentam dificuldades em manter sua função formadora. Quando exemplos de corrupção, impunidade e intolerância tornam-se frequentes no espaço público, a sociedade tende a normalizar condutas que deveriam ser condenáveis. Assim, o que antes era visto como desvio de caráter passa, gradualmente, a ser interpretado como habilidade ou esperteza. Entretanto, reconhecer essa inversão não implica aceitar sua permanência.

Assim, a inversão de valores não é fruto do acaso, mas da negligência com a formação ética nas famílias, escolas e instituições sociais. Se a sociedade continuar tratando o egoísmo como esperteza e a falta de limites como liberdade, será inevitável o colapso das relações humanas. É necessário romper esse ciclo, denunciando e combatendo as atitudes que contribuem para a degradação dos princípios que sustentam o convívio civilizado. Mais do que evoluir tecnologicamente, é preciso evoluir moralmente, e isso exige uma mudança de mentalidade coletiva.

 

*O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal.

0
0

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Compartilhe essa notícia

VER MAIS NOTÍCIAS