Vereador Victor Nascimento fala ao Jornal da Guarujá e afirma: ‘Evento com Lula foi uma fraude'”

O vereador de Itajaí Victor Nascimento (PL) gravou uma série de vídeos que repercutiram nas redes sociais, denunciando supostos pagamentos em dinheiro e o uso de caravanas de fora da cidade para compor o público de um evento com a presença do presidente Lula em Itajaí.
Em entrevista ao Jornal da Guarujá na manhã desta segunda-feira (2), o parlamentar afirmou que a população local não participou do evento e que houve uma tentativa de “maquiar” a recepção ao presidente com pessoas trazidas de outros municípios e estados. “Foi anunciado, convidaram a população, e de alguma forma quiseram mostrar que o ex-presidiário era bem recebido aqui. Mas não foi. Trouxeram caravanas de outras cidades e até de outros estados”, declarou.
Segundo Victor, pessoas teriam recebido entre R$ 50 e R$ 70 para participar. “A pessoa pegava uma fichinha na entrada e retirava o dinheiro só na saída. Foi feito assim para obrigar as pessoas a ouvirem tudo até o fim”, afirmou. Ele ainda disse ter recebido relatos semelhantes de práticas adotadas em outras regiões do Brasil, onde, segundo ele, o pagamento era feito na entrada, o que levava muitas pessoas a deixarem o local antes do término dos discursos.
O vereador também destacou que, apesar da expectativa de público de 10 mil pessoas, a presença real teria sido significativamente menor. “Pelo lado de fora, a impressão era de mil pessoas. Mas, segundo relatos de profissionais que estavam dentro do evento, não havia nem 500 pessoas no espaço”, relatou.
Nascimento apresentou ainda o relato de um motorista de ônibus, que teria vindo do Rio Grande do Sul. “Ele me contou que saiu de Bagé, passou por Criciúma e chegou aqui com apenas 12 pessoas em um ônibus enorme. Isso mostra como a tentativa era causar impressão com a presença de muitos ônibus, mesmo com pouca gente dentro”, disse.
O vereador também criticou a ausência de representantes da Prefeitura de Itajaí no evento. Segundo ele, a secretária de Desenvolvimento Econômico, Gabriela Kelm, designada para representar o executivo municipal, teria sido impedida de permanecer no local. “Ela foi barrada e orientada a se retirar. Isso demonstra a seletividade do evento e o distanciamento da gestão federal com a realidade local”, apontou.
Victor Nascimento questionou ainda o suposto anúncio de investimentos feito por Lula durante a visita. “Anunciou R$ 800 milhões para a JBS, empresa que, segundo diversos jornalistas, tem ligações com o filho do presidente. O investimento não é para nossa cidade, não é para nosso estado. Foi entregue de volta ao governo federal o porto de Itajaí, que por décadas foi municipalizado. Hoje, quem comanda lá é a APS, mas quem domina de fato é a JBS. Tem uma placa imensa na frente do porto”, afirmou.
O vereador também reforçou que sua postura não se trata apenas de divergência ideológica. “Não posso fechar a minha visão apenas para a área ideológica. É muito simples dizer ‘ah sou de esquerda, sou de direita’ e ficar nessa técnica. Não. É uma questão técnica também. É sobre investimentos, sobre valores, sobre o quanto o governo federal realmente auxilia — ou não — nosso município e nosso estado. E é sobre isso que eu venho falando e me posicionando”, declarou. Para ele, o governo federal atual vem promovendo um verdadeiro desmonte nas áreas que impactam diretamente Santa Catarina, como infraestrutura, pesca e agroindústria. “Nosso estado é autossuficiente. Se ao menos o governo federal não atrapalhasse, já seria um grande favor”, concluiu.
O vereador fez duras acusações ao governo federal. “Esse governo federal ataca nosso estado de forma sistemática. Cortou mais da metade dos recursos para infraestrutura, limitou a pesca artesanal da tainha, zerou a alíquota de importação da sardinha, o que prejudica diretamente a economia local e milhares de famílias que trabalham na indústria pesqueira”, disse.
Victor também relembrou que foi o autor de uma moção de repúdio aprovada pela Câmara Municipal de Itajaí, declarando o presidente Lula como “persona non grata” na cidade. Traduzido do latim, o termo significa pessoa “indesejada”, “não bem-vinda” ou “não agradável”.
“Eu fui o proponente da moção de repúdio que torna o Lula persona non grata em Itajaí. Não foi só aqui. Várias cidades catarinenses fizeram o mesmo. Não é apenas uma questão ideológica, mas sim uma resposta aos constantes ataques do governo federal ao nosso estado”, reforçou.
Para Nascimento, o evento foi uma tentativa frustrada de demonstrar apoio popular ao presidente. “O Lula não foi recebido por Itajaí. Ele veio, sobrevoou a cidade, mas não pisou no nosso chão. Foi direto do aeroporto de Navegantes para o porto de helicóptero. Nosso estado é conservador, trabalhador e não reconhece esse governo. O povo de Itajaí continuou a vida, seguiu produzindo e ignorou esse teatro. Foi um fracasso, e como vereador, eu não podia deixar a minha cidade passar vergonha”, concluiu.
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