PL Mulher realiza maior encontro de mandatárias do Brasil, e lideranças de Braço do Norte e Orleans destacam importância da participação feminina na política
Além da participação no maior encontro de mandatárias do país, lideranças de Braço do Norte e Orleans comentam futuro político do PL, projetos sociais, bastidores da Câmara e depoimento de Bolsonaro ao STF

Nos dias 6 e 7 de junho, o Partido Liberal Mulher (PL Mulher) realizou em Brasília o 1º Encontro Nacional de Mandatárias do partido. O evento reuniu mais de mil mulheres de todo o Brasil com cargos eletivos e de liderança no PL, sendo considerado o maior encontro de mulheres mandatárias do país.
Na manhã desta sexta-feira (13), o Jornal da Guarujá recebeu no estúdio a presidente da Câmara de Vereadores de Braço do Norte, Pamelys de Barros (PL), e a vereadora Genaina Coan (PL), de Orleans, para repercutirem a experiência no evento e destacarem a importância da crescente participação feminina no cenário político.
“Foi um encontro marcante, com 849 vereadoras, 60 prefeitas, 84 vice-prefeitas, além de deputadas federais e estaduais. Dois dias de muito conhecimento e de troca de experiências”, relatou Pamelys. Segundo ela, o objetivo central do encontro foi “reaproximar as mulheres eleitas, fortalecer o trabalho político feminino e fomentar novas lideranças para o futuro do partido e do Brasil”.
A presidente da Câmara também destacou a importância da figura de Michelle Bolsonaro dentro do PL Mulher. “Ela tem feito uma frente muito bonita, especialmente na área social. Michelle diz que não há problema em reconhecer que temos mais afinidade com essa área. Temos que usar essa sensibilidade para fazer política com responsabilidade. Ela nos inspira e, inclusive, lançou um livro chamado ‘Edificando Nações’, que recebemos durante o encontro”, contou Pamelys.
Para a vereadora Genaina, o evento em Brasília foi uma experiência transformadora. “Foi a minha primeira vez como parlamentar na capital federal e me marcou muito. Tive a oportunidade de conviver com mandatárias de várias regiões do país. Dividi quarto com a prefeita de Assis (SP), que administra uma cidade com mais de 100 mil habitantes, e com a prefeita de Jaraguá do Sul (SC), duas mulheres que nunca haviam ocupado cargos públicos, mas que foram chamadas por suas lideranças e acabaram vencendo as eleições.”
Genaina também chamou atenção para a juventude das novas lideranças: “Tinha muita mulher jovem. Uma vereadora de Osasco, por exemplo, foi eleita com apenas 22 anos. O PL está se consolidando como um partido com mulheres líderes”.
Questionada sobre a crescente presença feminina no PL, Pamelys avalia como natural. “Michelle Bolsonaro se consolidou como uma liderança forte. Antes, a primeira-dama era vista apenas como acompanhante do presidente. Ela mudou isso e arrastou consigo uma multidão de mulheres que querem mudança. Hoje temos vereadoras, prefeitas, presidentes de câmaras. E mais: mulheres que querem fazer sucessoras e formar bancadas femininas.”
Debates e aprendizado
As lideranças destacaram os temas discutidos durante os dois dias de encontro, como educação, saúde, gestão pública, fortalecimento das famílias, política e voluntariado.
“A cada hora era uma palestra diferente. Falamos sobre saúde pública, autismo, neurodivergência, doenças raras, gestão de mandatos e políticas públicas que podemos aplicar nos nossos municípios. Foram depoimentos emocionantes e inspiradores”, detalhou a presidente da câmara de Braço do Norte.
Genaina revelou que saiu do evento com novas ideias e projetos. “O que mais me tocou foi o voluntariado. A Michelle perguntou quem fazia trabalho voluntário, e cerca de 80% das mulheres levantaram a mão. Isso me motivou a começar também. Quero desenvolver ações sociais e já estou pensando em implantar um projeto de pais no serviço de convivência no João Paulo.”
Ela ainda destacou que pretende levar temas debatidos no evento para a Câmara de Orleans. “Quero trabalhar mais a questão da educação, da estrutura familiar, da prevenção à violência e às drogas. Famílias unidas e fortalecidas fazem cidades melhores.”
As vereadoras também falaram sobre o futuro político do PL e o fortalecimento da ala feminina do partido. “A proposta do partido é ter para cada homem candidato a deputado estadual ou federal, uma mulher. Não por cota, mas por liderança. Mulheres que estejam prontas para exercer seus mandatos com responsabilidade”, afirmou Pamelys.
Análise jurídica e política
A entrevista também abordou o depoimento do ex-presidente Jair Bolsonaro ao STF, Pamelys, que é advogada, avaliou positivamente a postura do ex-presidente.
“Ele soube conduzir a fala dele com serenidade. O que temos hoje no processo não configura crime. Até agora, não houve ato preparatório, e pela legislação brasileira, a tentativa, sem início de execução, não é punível. Bolsonaro não avançou em nada. Inclusive, já havia sinais de que ele teria desistido antes de qualquer movimento prático”, opinou.
Ela também criticou a atuação do Supremo Tribunal Federal. “Infelizmente, vivemos um momento em que o STF legisla. O próprio Bolsonaro disse que houve decretos fora do prazo legal só para prejudicá-lo. Tenho medo que modifiquem a legislação para torná-lo inelegível.”
Polêmica na Câmara de Orleans
Outro tema abordado foi a recente polêmica na Câmara de Vereadores de Orleans. A vereadora Marlise Zomer (PSDB) acusou o presidente da Casa, Joel Cavagnoli (PL), de perseguição política após ter sido substituída no Conselho do Hospital Santa Otília, sendo Genaina nomeada para o cargo.
Genaina explicou. “O presidente Joel me convidou há cerca de 15 dias. Disse que queria alternar a participação dos vereadores no conselho, como está previsto no regimento. Aceitei porque quero participar ativamente dos conselhos e precisamos de uma rotatividade de pessoas, dos vereadores da casa, para que todos passem pelo hospital e possam também ajudar.”
Ela ainda lamentou a repercussão da troca. “Acredito que existam questões pessoais entre a vereadora Marlise e o presidente Joel. Infelizmente, sobrou para mim, mas aceitei com respeito e responsabilidade. São dois anos de mandato e depois pode haver nova substituição.”
Genaina disse também acreditar que há influências externas tentando desestabilizar o Legislativo municipal. “Algumas pontuações que ela fez ali, eu não via a Marlise falando. Trabalhei com a vereadora Marlise. Acredito que possa… se eu estiver errada, estiver precipitada na minha opinião, mas tem interferência sim. E a interferência é para prejudicar o Legislativo. É isso que nós temos que cuidar.”
Por fim, ela ressaltou que mantém o respeito e o diálogo com a colega. “Ontem passei em frente à casa da vereadora Marlise e ela me chamou. Ela disse: “Jana, não foi nada contigo que eu falei, é do teu partido. E eu disse: tudo certo, eu entendi a sua colocação, que não foi pra mim (…), isso não significa que os vereadores deixem de se respeitar ou de se falar fora dali. A população não pode pensar isso.”
Confira entrevista completa