Fernando Zancan representou o Brasil em encontro da Agência Internacional de Energia, em Paris, onde foram discutidas estratégias para suprir a crescente demanda global por eletricidade

Nos dias 11 e 12 de junho, líderes da indústria energética, autoridades e analistas globais participaram do encontro anual do Conselho Consultivo da Indústria do Carvão da Agência Internacional de Energia (AIE), em Paris, na França. O evento teve como foco principal a segurança energética global em um contexto de transição para fontes mais sustentáveis.

O presidente da Associação Brasileira do Carbono Sustentável (ABCS), Fernando Zancan, esteve presente no encontro e conversou com o Jornal da Guarujá nesta quarta-feira (18). Segundo ele, o evento trouxe reflexões importantes sobre o papel do carvão na matriz energética mundial e apresentou dados que mostram o crescimento da demanda por essa fonte de energia.

“Foi um encontro técnico que discutiu os principais temas relacionados à segurança energética e ao uso do carvão no mundo. Falamos sobre os recentes apagões em países como Portugal e Chile, além da importância dos minerais críticos para tecnologias renováveis e setores como defesa”, relatou Zancan.

Entre os temas centrais debatidos estiveram também as tecnologias de captura de carbono, consideradas essenciais para a descarbonização do setor. “A captura de CO₂ é a tecnologia que vem para tornar o carvão carbono neutro. Isso foi amplamente discutido, junto com os desafios da mineração e da estabilidade energética”, explicou.

Zancan destacou que, apesar das pressões por fontes renováveis, o carvão continua sendo uma das bases da produção de energia elétrica no mundo. “2024 já é o ano de maior produção e consumo de carvão da história, com 8,2 bilhões de toneladas, sendo metade disso só na China. Índia, Indonésia e países africanos também estão expandindo. O carvão segue relevante”, afirmou.

Inteligência artificial, carros elétricos e aumento do consumo

Durante o evento, um ponto de alerta foi o crescimento acelerado da demanda por eletricidade, impulsionado por tecnologias emergentes como a inteligência artificial. “Os data centers e a IA têm um consumo energético altíssimo. Cada pergunta feita a uma IA, como o ChatGPT, consome energia. Isso está se tornando exponencial”, observou o presidente da ABCS.

Zancan também mencionou o avanço dos veículos elétricos e o uso crescente de ar-condicionado como fatores que elevam a demanda por energia. “O mundo está entrando de vez na era da eletricidade. E essa demanda crescente exige planejamento”, pontuou.

Nos Estados Unidos, segundo ele, a questão já é tratada como “emergência energética”. “Há uma preocupação em garantir energia suficiente para essa nova demanda. É por isso que todas as fontes continuam sendo necessárias  e o carvão, segue essencial”, explicou.

Zancan ressaltou o papel das usinas térmicas a carvão no Brasil, especialmente no Sul, diante da escassez hídrica. “Estamos com as térmicas operando a pleno por conta da falta de água. Elas asseguram o nível dos reservatórios e mostram a importância do carvão na matriz energética nacional”, afirmou.

Segundo ele, as projeções não indicam redução no uso do carvão antes de 2030. “Não existe curva decrescente. A transição energética será longa, e o carvão ainda é necessário para garantir estabilidade e segurança energética.”

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