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FIESC alerta para impacto de tarifa dos EUA e defende negociação sem retaliações

Presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar, comenta os possíveis impactos da tarifa anunciada pelos EUA sobre produtos brasileiros

Por Ligado no Sul21/07/2025 09h30
Foto/Reprodução

Diante da possível aplicação de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos, anunciada pelo presidente norte-americano Donald Trump, a Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC) expressou preocupação com os impactos econômicos. Em entrevista ao Jornal da Guarujá, o presidente da entidade, Mario Cezar de Aguiar, pediu serenidade nas negociações e se posicionou contra qualquer tipo de retaliação por parte do governo brasileiro.

“Há uma grande preocupação com essa situação, com essa possível aplicação de tarifa sobre os produtos que são exportados aos Estados Unidos. Isso nos preocupa bastante, e esperamos que haja rapidamente uma solução para essa questão, sob pena de ter um impacto muito negativo na sociedade brasileira como um todo”, afirmou.

Segundo ele, a FIESC já se mobilizou nos bastidores: “Desde o início, a Federação das Indústrias de Santa Catarina reuniu os empresários para ouvir quais seriam as ações e discutir as medidas que nós poderíamos tomar. Foram definidas algumas ações muito rapidamente e solicitamos ao governo federal que fizesse uma negociação de forma serena, diplomática, para que não houvesse confronto com o governo americano.”

Aguiar ressaltou que a federação é contrária a qualquer tipo de retaliação comercial: “Entendemos que o Brasil é o elo fraco dessa corrente internacional de negócios com os Estados Unidos.” Ele também sugeriu que fornecedores brasileiros dialoguem com seus clientes norte-americanos, pedindo que eles pressionem o governo de Trump contra a tarifa. “A aplicação dessa tarifa impactará o custo de produtos que Santa Catarina exporta, e há itens que não têm substituição no mercado americano. Um exemplo são os blocos cabeçotes de motor fabricados pela Fundição Tupy, de Joinville.”

“Lei da reciprocidade deve ser o último dos últimos recursos”

Aguiar disse ainda que a FIESC não apoia a aplicação da chamada “lei da reciprocidade”, cogitada pelo governo brasileiro: “É uma ferramenta que pode ser usada em qualquer negociação internacional, não só com os Estados Unidos. Mas entendemos que ela não deve ser aplicada. É o último dos últimos recursos.”

Ele informou que esteve em Brasília para levar essa posição ao vice-presidente Geraldo Alckmin. “Estive lá na quarta-feira, com o vice-presidente, que é o interlocutor principal nessa negociação. Expusemos nossa posição contrária à retaliação, e houve até uma compreensão dele de que essa de fato deveria ser a última alternativa. Até pela característica do próprio presidente americano, não devemos criar provocação. Precisamos encontrar, com serenidade e boa diplomacia, um caminho que continue viabilizando as exportações de Santa Catarina e do Brasil.”

“As ações do governo brasileiro estão muito tímidas”

Questionado sobre a postura do governo federal, Aguiar foi enfático: “Traz um certo alívio saber que o vice-presidente está à frente, mas achamos que o governo brasileiro está com ações muito tímidas. Nós já vimos pessoas do alto escalão norte-americano se mobilizando, e agora o nosso Congresso Nacional também precisa ir aos Estados Unidos para dialogar.”

Ele relatou que a embaixadora brasileira nos Estados Unidos estava de férias, mas foi convocada a retornar. “Deve haver pressão e participação de representantes do alto escalão brasileiro nos canais possíveis de negociação. Sabemos que o presidente Trump não quer receber o presidente Lula, mas existem outros caminhos.”

Pequenas e médias empresas devem ser as mais afetadas

Sobre os setores catarinenses mais atingidos, Aguiar destacou: “A primeira empresa mais prejudicada é a Embraer, a segunda é a Suzano de Papel e Celulose e a terceira é a Fundição Tupy. São empresas de grande porte que têm condição de negociar. O que nos preocupa são os setores de madeira e outros que envolvem pequenas e médias empresas, que não têm o mesmo poder de articulação.”

A FIESC também sugeriu oficialmente ao governo federal que solicite uma prorrogação do prazo para aplicação da tarifa. “Pedimos uma prorrogação de no mínimo 90 dias, para dar tempo às empresas se adaptarem e para haver mais espaço de negociação. Esperamos que isso seja atendido.”

Segundo Aguiar, o vice-presidente Alckmin sinalizou que tentará esgotar as negociações até 1º de agosto e, se necessário, pedirá prorrogação. “Mas, na nossa visão, essa prorrogação já deveria ser solicitada agora. Esperar até o dia 1º de agosto é muito arriscado.”

Para o presidente da FIESC, a medida dos Estados Unidos tem motivações políticas. “Tenho certeza de que as questões políticas estão sendo colocadas à frente do interesse comercial e da economia. Não há razões econômicas para essa tarifa. O Brasil é deficitário na balança com os Estados Unidos. Eles têm superávit conosco. É uma questão unicamente e exclusivamente política.”

Aguiar finalizou afirmando que a FIESC está atuando em conjunto com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e participando diariamente de reuniões e articulações. “Muita coisa ainda pode acontecer até o dia 1º de agosto. Estamos trabalhando intensamente com a CNI para tentar reverter essa situação.”

Confira entrevista completa

 

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