Fugir de si virou um hábito: como o celular se tornou um anestésico emocional. Por Vanesa Bagio

O uso excessivo da tecnologia tem revelado algo mais profundo: a dificuldade de lidar com as próprias emoções e o mais grave: o celular se tornou uma fuga silenciosa do mundo interior.
Agora lhe convido a olhar ao seu redor. Você já percebeu como, ao menor sinal de desconforto, estresse ou tédio, muitas pessoas recorrem imediatamente ao celular?
Esse gesto aparentemente inofensivo pode estar escondendo um padrão emocional mais delicado: o hábito de fugir de si mesmo. A cada rolagem no feed, a cada vídeo assistido sem atenção, vamos anestesiando sentimentos que não conseguimos ou não queremos enfrentar. Chamo de fuga emocional.
Nos atendimentos clínicos e nas observações do cotidiano, é cada vez mais comum ver a tecnologia sendo usada como um “analgésico emocional”. Em vez de nos conectarmos com o que realmente estamos sentindo, buscamos distrações rápidas para silenciar o incômodo interior.
Tristeza, frustração, ansiedade, solidão, sentimentos naturais da experiência humana. Mas que, na falta de espaço para serem acolhidos, acabam sendo abafados por estímulos constantes. O resultado? Uma geração que sabe muito sobre o mundo, mas pouco sobre si mesma.
O uso do celular em si não é o problema. A tecnologia é uma ferramenta valiosa, desde que usada com consciência. O perigo está em usá-la como válvula de escape constante, substituindo o enfrentamento emocional por um clique.
Fugir de si tem um custo silencioso: a desconexão com a própria identidade. Perdemos a oportunidade de escutar o que nosso corpo, nossa mente e nosso coração querem nos dizer. E quando não ouvimos, os sintomas aparecem: insônia, irritabilidade, dificuldade de concentração e até quadros mais graves de ansiedade ou depressão.
Lhe convido a ficar consigo mesmo, sem distrações, sem telas, sem fuga. No começo pode gerar desconforto, mas com o tempo se transforma em força. É nesse espaço silencioso que nasce o autoconhecimento, a clareza e a verdadeira liberdade emocional.
Desconectar para reconectar não é sobre excluir a tecnologia da vida, mas sobre retomar o protagonismo sobre ela. Aprender a fazer pausas conscientes. Respirar antes de abrir um aplicativo. Se permitir sentir, sem julgamento, aquilo que vem à tona.
Afinal, liberdade emocional é poder estar com você mesmo, sem precisar fugir.
Fique bem!
Siga @vanesabagio.psi para buscar mais informações e lembre-se: “Sua saúde mental importa tanto quanto qualquer outra área da sua vida.”