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Educação 2025. Por Ana Dalsasso

Por Ana Maria Dalsasso08/12/2025 15h00
Foto/Freepik

Fim de ano sempre é tempo de avaliação: momento de olhar para o que passou e projetar o futuro. Como educadora, não posso encerrar 2025 sem refletir sobre os desafios que marcaram a educação brasileira, em especial, no campo da leitura.

Vivemos um ano em que mais uma vez ficou evidente a distância entre a expansão de diplomas e a real qualidade do ensino. Distribuímos títulos, certificados e homenagens, mas ensinamos cada vez menos. Essa desconexão revela um problema profundo: valorizamos o papel, mas não o conhecimento.

Os dados mais recentes confirmam essa realidade preocupante. Segundo a última Avaliação Nacional da Alfabetização, apenas 5 em cada 10 crianças leem com fluência ao final do segundo ano, ou seja, metade das nossas crianças não domina uma habilidade que deveria ser garantida logo no início da trajetória escolar. E o quadro piora ao longo dos anos: 95% dos estudantes chegam ao final do Ensino Médio sem saber o básico de Português e Matemática. É a comprovação estatística de uma falência anunciada.

Em paralelo, assistimos à banalização de títulos e honrarias, que muitas vezes não refletem a formação real ou o domínio das competências essenciais. Distribuímos diplomas, mas não formamos leitores. Ampliamos certificados, mas não ampliamos conhecimento. Seguimos repetindo um modelo que produz números, não aprendizado

O resultado disso aparece em sala de aula, nos índices de alfabetização, na dificuldade de interpretação e no empobrecimento do pensamento crítico. Em 2025, mais uma vez, a leitura foi deixada em segundo plano, como se fosse um detalhe, quando, na verdade, é o alicerce de todo processo de aprendizagem. O país segue distribuindo diplomas em abundância, enquanto ensina cada vez menos.

Se queremos um futuro diferente, precisamos começar por reconhecer o que não deu certo. A educação brasileira exige mais compromisso real e menos cerimônia; mais investimento e menos ilusão estatística. Só assim poderemos, quem sabe, escrever um novo capítulo para 2026. Se 2025 escancarou nossas falhas, especialmente na leitura, a base de toda aprendizagem, precisamos ao entrar em um novo ano, fazer mais do que planejar: precisamos reconstruir.

Este ano expôs com clareza um modelo que privilegia títulos, não conhecimento; aparências, não competência. E os efeitos são devastadores: crianças alfabetizadas pela metade, adolescentes que concluem etapas sem compreender textos simples, adultos que recebem diplomas que não representam aprendizagem real.

Avaliar 2025 é reconhecer essas falhas — e assumir, com coragem, que o futuro da educação depende de um retorno ao essencial: ler, compreender, pensar.

*O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal.

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